Pensamento do Blog

Comigo a natureza enlouqueceu; sou todo emoção" Adaptado de Maiakoviski

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

OPUS - Coletânea de Poemas de professores da Rede Municipal de Ensino de Ipatinga - Setembro de 1992 - Homenagem aos 20 anos de publicação da obra








OPUS
Coletânea de Poemas de professores da Rede Municipal de Ensino de Ipatinga
- Organização: Maria Aparecida Moraes Barbosa
                       Nena de Castro
                       José Batista de Mendonça
                       (Prof. Zezinho)

- Capa: Lusitânia Pellacani dos Santos
            Clara Mirtes Rodrigues

- Datilografia: Rosane Martins


PREFEITURA MUNICIPAL DE IPATINGA
Secretaria Municipal de Educação,
Cultura, Esporte e Lazer
Núcleo de Estudos Pedagógicos
Setembro - 1992





PREFÁCIO

A função do educador não se restringe ao âmbito da sala de aula, porque o verdadeiro profissional da educação sabe que os limites da aprendizagem são os próprios limites da existência. O professor é tão somente um aprendiz com um volume maior de informações e com um período de experiência superior ao do aluno, que deve estar em formação permanente.

O Núcleo de Estudos Pedagógicos, criado para incentivar a pesquisa e a produção intelectual dos docentes da rede municipal de ensino de Ipatinga, conseguiu retirar dos escaninhos alguns manuscritos para expor à comunidade.

São poemas de inegável valor pela importância de seus autores, personagens do processo educacional, pela intenção de exercitar a produção de literatura; pelo exemplo de que se ensina fazendo e pela energia que emana de seus versos.

Pretendemos sugerir que esta obra passe a ser denominada OPUS Nº 1 para que esse trabalho tenha continuidade em outras publicações e possa ter a participação de todos os docentes com Contos, Crônicas, Ensaios e outros gêneros literários.

Acreditamos que esta semente fará brotar a produção escrita também a nível do corpo discente e se constituirá em veículo autêntico de cultura da comunidade escolar de Ipatinga.

VICENTE ASSIS DUARTE
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO



APRESENTAÇÃO

Esta obra é uma coletânea de textos inéditos de professores da rede municipal de ensino de Ipatinga. Chama-se OPUS por se tratar do trabalho intelectual por excelência e pela musicalidade de poemas tecidos na sensibilidade de quem sabe expressar os recônditos da alma humana.

O poema não expõe necessariamente o sentimento que agita internamente o poeta, mas a inquietação de quem capta o momento e a realidade de cada fato pela emoção.

OPUS reúne os profissionais da educação de Ipatinga através do produto mais nobre de sua atividade intelectual: a obra de arte, a arte da palavra.

Esta publicação tem a ousadia de mostrar que a produção escrita é essencialmente um processo do intelecto que passa por uma aprendizagem, que o que se pretende ensinar ao aluno é preciso ser aprendido e praticado; que lidar com  palavras não é apenas jogo, mas o exercício da própria contingência humana que busca a perfeição.

Prof. José Batista Mendonça(Zezinho)
Núcleo de Estudos Pedagógicos


MENSAGEM DO PREFEITO

A edição de poemas de autoria de professores da rede municipal de Ipatinga significa o definitivo reconhecimento dos valores culturais locais.

OPUS é o registro extraclasse do valor cultural dos profissionais que fazem a educação de hoje e que tornam auspicioso o futuro de nossas escolas.

Essa obra se constitui um orgulho de nossa administração municipal porque vem mostrar que, além de construir escolas, democratizar as relações no ensino, estamos conseguindo fazer externar nos profissionais da educação a sensibilidade, que é fruto de uma pedagogia sem fórmulas, que busca a solução dos conflitos individuais e sociais.

A poesia que nasce da inquietação é semente de mudanças significativas.


Francisco Carlos Chico Ferramenta Delfino
Prefeito Municipal de Ipatinga





Prefeito Municipal de Ipatinga - Francisco Carlos Chico Ferramenta Delfino
                         Vice-Prefeito - João Magno de Moura

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA, ESPORTE E LAZER

Secretário de Educação - Vicente Assis Duarte
Chefe de Gabinete - Gladys Cizoski de Souza França
Coordenadoria de Educação - Ângela Maria Almeida F. Morais
Coordenadoria de Cultura - Geraldo Lemos
Coordenadoria de Esportes - Oswaldo Aredes
Departamento de Ensino Formal - Terezinha do Carmo Schwenck
Departamento de Ensino Não-Formal - Aloísio Letro Silva Castro Júnior



Quem não chorou                          
Ivonilde Ferreira
E. Municipal Artur Bernardes

Um amor que perdeu
A fé que não chegou
O sonho que não viveu?

Quem não chorou

O que não enxergou
O auxílio que não veio
O chão que lhe faltou
A cegueira do alheio?

Quem não chorou

A hora que não passou
A falta de um amigo
A mão que não apertou
Um sentimento antigo?

Quem não chorou

A cicatriz que ficou
A ferida que abriu
A porta que fechou
E o bem que não viu?

Ainda há tempo pra ter
O que se deseja encontrar
E mesmo que não queira ver
Há tempo também pra chorar.


Minha Palavra
João Damasceno Ribeiro

Minha palavra
Não pode ficar
Guardada na concha
De minha mão

E nem meu sentimento
Ficar em silêncio
Dentro de meu coração

Minha palavra há de ser
Pá que ara e lavra
O árido asfalto
O ouvido mudo
O lábio que não fala

Minha palavra
Tem de ir fundo
Onde a raiz não vai
E iluminar
O que a luz não pode

Minha palavra
Não pode ficar guardada
na concha de minha mão
E nem meu sentimento
Ficar em silêncio
Dentro do meu coração.


Hereditariedade
Terezinha Schwenck

Pai,
Junto com seu sêmen
Envie-me
Além de suas características hereditárias,
A sua força
A sua coragem
O seu desejo de vencer
O seu senso de honestidade
A sua fé nos homens.

Mãe,
Seu óvulo possui o dom da vida
Faça-o trazer também,
Aliados a cor dos olhos,
Dos cabelos, da pele
E tantas outras mensagens genéticas,

A maneira como vês a vida,
A justiça
A bondade
A alegria de viver cada dia,
O dom de agradecer.

Eu, 
Independente assim,
Do meu genótipo ou fenótipo
Estarei feliz,
Ao portar todas as características
Que me tornarão gente!


Infância
Cláudia Apª de O. Gonzaga
E. M. Primeiros Passos

Eram castelos de areia
Cantigas, roda e outras brincadeiras
De papai, mamãe e doutor
E os grandes chamavam de bobeiras

Tinha comadres, panelinhas
Esconde-esconde, cabaninha
Eu nem me dava conta
De que era uma criancinha

Pulava amarelinha e corda,
Ninava bonecas, jogava peteca,
Pedras, toquinhos, tampinhas
Eram realidade em minha cabecinha

De repente me deu uma saudade
Dessas coisas que eu fazia
Onde está aquela vida de sonho
Que até então eu vivia?

Ui, parece que me despertaram
Acordei, tomei um susto
O passado já não me pertence
Que pena! me transformei no tal de adulto.


Ipatinga
Maria de Paiva Ramos Moreira

Quisera eu ter nascido numa terra
Onde a alegria jovem da cidade
Contagia o rosto de toda gente
E esteja presente no sorriso de cada criança!

Quisera eu possuir o orgulho
De pertencer a uma terra
Onde a harmonia de sons e de dores
Una os homens sob um imenso ideal!

Quisera eu ter nascido em Ipatinga
Terra de alegria jovem, da harmonia,
Dos sons e das cores.

Os Dois Lados da Vida
Geisa Maria de O. B. Rocha
E.M. Presidente Vargas

Há um lado de opressão
Injustiça
Desunião

Há um lado de luta
Esperança
Consciência

Há um lado de exploração
Descrença
Desamor

Há um lado do querer bem
Da justiça
Da união

Há dois lados
Luz - escuridão
Crença - Descrença

E dentro do homem
Há a força interior
Que é o seu instrumento
De luta e esperança.


Jogo
Nena de Castro
Secretaria de Educação

Dê-me um raio de sol!
- Um raio!
E uma rosa em botão!
- Botão!
Uma árvore carregada de verde!
- Verde!
Um fruto-surpresa, temporão!
- Temporão!
Um menino sujo de terra!
- Terra!
Um sorriso de fim de verão!
- Verão!
E eu lhe darei em troca!
- Troca!
A minha imaginação!
- Ação!


De volta, vai
Rita Erlene Martins Gomide

Bate forte
Coração
Alegria
Vem que vem
Saudade passa
Passará
Vou me embora
Neste trem.

Pra ver de novo
Essa praça
Olhar mineiro
O horizonte
Beber de graça
A cachaça
Subir morro 
Brincar na ponte

Contar às águas as mágoas
Deitar no braço o cansaço
Tirar dos olhos areia
Ouvir serestas de uais
Mais volta volta e meia
Para a terra das gerais.


Parada Obrigatória
Neuza Pivari
E.M. Presidente Vargas

Eis que o trem se aproxima
Toda a gente se anima
Na vontade de passar
E não ter que esperar.
Na parada obrigatória
Vejo o trem rumo a Vitória.

Escuto sons se misturando ao som do trem:
É o apito, é a buzina
É a vida na usina
É o grito da menina
Ipatinga em sua rotina.

Ouço o passo, a correria
No compasso da folia
No cansaço da agonia
Muita dor e alegria
Em fusão na coqueria.

Pelo céu vão fumaças
Espantando as avezinhas.
Haverá muitas praças
Para as nossas criancinhas.

Lugar de povo estranho
De olhar desconfiado
Cada qual vindo de um lado
Preso ainda na saudade
Do passado que ficou.
"Não me esqueça
Que já volto
Com dinheiro, meu amor!"

Mas primeiro que o regresso
Vem o encanto do progresso
E a magia d'outro amor.
"Não me espere
Que não volto
Nosso sonho se acabou."

Nada vê quem da janela
Passa e xinga
O mau cheiro de Ipatinga

 Esses nossos governantes
Que gritaram nos comícios
Com promessas tão brilhantes.
Mas, agora, o que é isso?
Muito pouco compromisso.

Enquanto o trem passa rente
Só quem fica vê e sente
A gente rica, a pobre gente
E a vez da igreja em peleja
A gritar pela justiça.

Passou o trem
E continua o vaivém.
Mas vou sonhando
Um mundo novo
De felicidade
E bem-querer
Sem maldade
Sem sofrer.

Este povo há de ver, há de ver, há de ver...


Eu não, eles!
Ildênia M. Valadares

Eu me proibem de te sorrir
Eu me proibem de te olhar
Eu me proibem de te falar
Eu me proibem de te ouvir
Eu me proibem de te tocar
Eu me proibem de te desejar
Eu me proibem de te sentir
Eu me proibem de te ter
Eu me proibem de te amar
Eu me proibem de viver
Desobedeça!


Convite
Madalena da S. Guimarães

Para a nossa brincadeira...
Todas as crianças são convidadas...
Sejam elas de 0 a 6,
Ou ainda mais avançadas.

Brincamos de aprender e ensinar
Aprender e ensinar?
Ah! Havia me esquecido!
Ela traz muito pra dar.

Seja de apartamento, casa ou arranha-céu.
Seja de rua, criança faceira que brinca
sem pensar.
É a da rua que é livre e "solta".
Quem sabe, tem muito a dar!

Nossa brincadeira é alegre, divertida,
Quem sabe, conta o que sabe,
Quem não sabe, vamos ajudar?
E na troca do falar e escutar,
Todos brincam de aprender e ensinar.

Quem constrói, aprende.
É fazendo que se faz
Vai descobrindo, criando, ajudando a ajudar
Vai caminhando sem timidez
Sem medo de tropeçar.

Brincando com letra, palavras, textos,
Números, plantas e animais,
Passeios, experiências, teatro, dança,
Música, bandinha, poesia, história e
Mil coisas mais.

E no faz de conta, no final das contas.
Constróem tantas coisas
Que para surpresa de todos
Todas elas têm muito mais a relatar.

A brincadeira é na escola.
Uma escolinha alegre, viva, dinâmica
e bonita.
Onde a criança que brinca
Por certo nela acredita.

Vem criança!
"A escola existe porque você existe"
E é alegre e bonita
Porque você não deixa que ela seja
feia e triste.

Aqui você encontrará
O aconchego dos nossos braços,
A ternura do nosso olhar,
E um enorme sorriso esperando por
você.

Descubra, construa e conheça o mundo
Que é seu!
Amamos você!


Rosa 
Maria Zélia
E.M. Presidente Vargas

Rosa nome de gente
Rosa nome de flor
Rosa que brota da semente
E no jardim do amor.

Tu és companheira na vida
Enfeitas, também, a morte
Das flores a mais querida
Deus deu-te, assim, esta sorte,

De beijar-te o beija-flor
De estar, em festa, presente,
Vermelha, amarela, outra cor
Teu perfume a gente sente

Não importa a cor da rosa
Importa, sim, que ela exista
Recebendo do amor toda airosa
A donzela, às vezes se enfeitiça

O valor da rosa no amor
É coisa pra se guardar
No vaso, na jarra onde for
Dele há de sempre lembrar

Que através de uma rosa
O amor veio para ficar.
Ó flor, tu és tão bondosa
Que o amor veio enfeitar.


Menino Birrento
Alseni das Chagas Vieira Lima
E.M. Preliminar Estrelinha Azul 

Dengoso,
Manhoso,
Teimoso
Furioso.

O pai brigava...
A mãe gritava...
A avó ralhava...
A tia não aguentava...
Assim não dava.

Até que um dia...
Que alegria!
Alguém lhe ensinou
Que a vida deve ser harmonia.
Era capaz e não sabia.

Capaz de ser feliz
E de trazer alegria.
Que a vida ficava
Mais bela
Quando ele sorria.

E o pai ja não berrava...
A mãe já não gritava...
A avó já não ralhava...
A tia era só alegria
Porque ele sorria e dizia,
Um calmo: Bom dia!


Bela Adormecida
               Zezinho
    Secretaria de Educação

A rosa dormia
Em pleno dia 
Estendida na rede.
Seus lábios pareciam
Sofrer do amor a sede.

E tanto sofria
E tanto sentia
Que um lindo beija-flor,
Para aplacar-lhe a dor
Devagar se achegou
E hesitante seus lábios beijou.

Seu corpo estremeceu,
Abriu os olhos e viu,
Ainda um vulto fugir.

- É ele, é ele
O beija-flor do sonho meu
Quem me beijou foi ele,
Beijou e desapareceu.

Correu ela e correu
À procura do sonho seu.
Embalde o procurou,
Voltou e adormeceu.

E cada dia quando
Ali dormia
A visita do amor recebia
E em vão procurava
Quem assim a beijava.

Um dia ela me disse
Que velho é o tal beija-flor
- Que nada! falei
mais velho é por ti meu amor
Quem vem todo dia
Teus lábios beijar
E ser tão feliz
Não é ele, sou eu.


Desenformando 
Márcia Baroni 

Crianças, vidros
Enfileirados como prateleiras
Tudo bem colocado;
Devia sim, continuar bem organizado.

Vidros pequenos
Crianças dentro amassadas,
Meninos cresciam
Ninguém fazia nada

Se, se desenvolvessem...
Que alívio! Ganhavam um
Vidro maior.

Mas, se isso não acontecesse...
Coitados! Se apertavam que
Fazia dó!

Meninas eram injustiçadas
Sempre tinham o vidro menor.
Não se levava em conta
Que cada um tem seu espaço,
Que deve haver igualdade

Pensando assim continuavam
Com esta maldade

Deu um sinal:
Educação Física no ar
E toda meninada...
Saía do vidro a pular...

Um dia, de repente
Um firuli apareceu
E o sonho da meninada
No mesmo repente aconteceu.

Não foi anarquia, nem nada
Mas, a liberdade nasceu

E com ela o saber, a vontade voltou.
E de vidro em vidro a criança saltou...
E graças ao Firuli
A forma se quebrou.

Desenformar é preciso.
Mas coragem se deve ter
Pois uma criança fora de forma
Livre deve ser,
Para pensar, agir,
Amar e crescer.


Insensatez
Maria da C. M. Carneiro 

De repente, assim,
Tão sorrateiramente
Me chega esta
Saudade doida,
(tão doida!)
De você.

E aos poucos vai
Se esvaindo
Como chegou, assim,
Tão sorrateiramente,
Deixando o coração
Ainda assanhado
E o pensamento perdido
(coitado!)
- Que insensatez!


Será Folclore?
Manuel Roberto Souto
E.M. Presidente Vargas

O folclore é conhecido
Como a sabedoria do povo
Transmitida de geração em geração,
Sem muita explicação.
Mas a comunidade acredita
Muitas vezes dá força.
Noutras dá medo.
Mas o povo acredita
E transmite.

No folclore brasileiro
Tem muita lenda e história,
Muita comida gostosa,
Artesanato,
Dança
E fato.

Numa cidade pequena e misturada,
Não tem nada?
Tem muita coisa que vai
E muita coisa que fica.
Ipatinga,
Fabriciano
E Acesita.
Vamos ver então
O que é folclore na região:
Fazer o aço
É folclore de fato!
E trabalhador desunido
É folclore em Ipatinga?
A Constituição resolve o problema?
O estudante sabe o que é?
Será folclore?

Será também folclore
Ser um cidadão qualquer?
E professor sem Associação
É folclore ou omissão?
Ipatinga tem folclore
Todo mundo sabe disso.
Nota vermelha na caderneta
É o folclore do estudante
Que não estuda um instante.
Curva da morte.
Ponte do diabo.
Bandido com nome engraçado.
Tudo isso é o Vale do Aço.
E as autoridades?
São as mesmas,
Coitadas!
Será isso folclore?
Eleição tem de tudo
E ninguém entende pra gente.
Será que tudo isso vai dar,
Folclore pra esse lugar?


Meu Apelo
Sônia Moraes
E.M. Hugo Duarte Coutinho

Mamãe,
Me deixe nascer.
Quero conhecer o mundo...
Amar e ser amado.
Abraçar, beijar, andar, correr...

Quero ouvir os gritos de outras crianças
Que foram criadas sem medo, sem dor,
Pois as mães tiveram esperanças,
Coragem e lutaram com muito amor.

Quero andar pelas ruas. Quero viver...
Jogar pelada ou brincar de bonecas.
Estudar... Aprontar... Ser castigado.
Mas quero ter o direito de nascer.

Mamãe me deixe nascer.
Não precisa me criar.
Basta que ache alguém para me adotar.
E que me deixe florescer

Me deixe, por favor,
Ser amado e dar amor,
Aprender abraçar, a afagar,
E com eles aprender a perdoar.

Perdoar todos os fracos
Que um dia não lutaram
Pelos seus filhos. E tão pouco sentiram,
O crime que cometeram.

Mamãe,
Me deixe nascer.
Prometo que não vou ser
Igual a ele que me concebeu
Mas não me recebeu.

Não vou ser nem igual a você.
Fraca que se sente...
Diante da vida imponente,
Sem forças pra lutar por mim.

Me deixe nascer...
Por isso eu choro.
Por favor eu imploro.
Deixe um inocente viver.

Pequenino que sou
Mas cheio de vida
Quero por tudo
Ter direito à vida.
Por favor, me deixe nascer.


Família
Rosane Martins
Secretaria de Educação

Eta coisa danada!
A gente nasce e cresce nela
Mas não pode resolver
Os problemas dela.

A gente se quer bem
Se gosta muito, muito.
Uns tomam os problemas dos outros
Eu tomo os filhos dos outros.

Às vezes falta dinheiro
E é um desespero
Eu sou a caçula
Mas é a que mais se preocupa.


Partida
Vavá
E.M. Primeiros Passos

A lágrima deslizou pelo rosto,
Mostrando a saudade que já se faz sentir,
Só porque você vai partir.

O sol não deixou de brilhar,
A chuva não caiu,
Mas o sorriso não saiu,
Porque comecei a chorar!

Não é um fim, um adeus definitivo
É estrada, casa, cidade, trabalho, amigos recentes,
Onde com você, não vou estar fisicamente!

Mas nas flores da floricultura,
Na igreja, no baralho, na música,
Nos nossos retratos, na leitura,
Ou na lua que você olhar?
Ali vou estar!


Enigma
Nena de Castro
Secretaria de Educação

Dentro de mim há um jardim
De rosas vermelhas
E nele o sol traça desenhos imponderáveis pelo chão.
Num banquinho, duas colombinas, em
Rosa e azul, esperam:
O amanhã que se foi? E o pássaro que partiu?
Dentro de mim as rosas vermelhas são eternas,
O sol, um libelo de esperança.
Dentro de mim, contudo, as colombinas
Sentadas, esperam
Não sei bem o que...


Mais Preta
João Damasceno Ribeiro

Que poluição
Preta
Só aquela
Que
Por pressão
Deixa Roxa
A boca
Do pião


Descobrindo
Aparecida Barreto
E.M. Pe. Cícero de Castro

- És raciocínio.
- Sou coração, sou espírito, sou canção.
- És raciocínio, não te iludas.
- Sou corpo, coração, emoção.
- És raciocínio.
- Como pesa essa mão que em-terra.

Minha percepção:
Sou ar - expansão
Sou terra - gravitação
Sou fogo - evolução
Sou água - desintegração.
Partes na constituição do todo que sou.


Negro
Cláudia Apª de O. Gonzaga
E.M. Primeiros Passos

Negro mostre sua força
Não se entregue à discriminação
Mostre ao mundo suas raízes
Diga não a esta escravidão

Samba, capoeira, carnaval
Partiram de sua criação
Hoje brancos dançam seu samba
E ainda te olham com indignação

Negro! Que nome lindo
Sinônimo de beleza e determinação
A África te deu nome
E o sol a coloração

Discriminação sempre vai existir
Dela não vai escapar
Mas com raça e diplomacia
Um dia conseguirá se igualar

Negro, não deixem que apaguem
Aquilo de profundo que te faz enobrecer
Não permita que embranqueçam seu destino
Não deixe essa raça morrer.


A História de Ipatinga
Maria de Paiva Ramos Moreira
E.M. Deolinda Tavares Lamego

Escuta aqui, coleguinha
A história que vou contar
É de nossa Ipatinga
Que agora vou falar

Foram os bravos bandeirantes
Que logo que aqui chegaram
À procura de ouro e pedras
Nosso rincão conquistaram

Borba Gato destemido
Um fidalgo do rei matou
Para fugir da justiça
No Vale do Piracicaba ficou

Foram os mansos índios
Nossos primeiros moradores
Chefiados por Borba Gato
De Ipatinga são desbravadores

Crescer era apelo
Para nossa Ipatinga
Veio então pra nossa terra
A siderúrgica Usiminas

Com seus altos-fornos
Sempre, sempre a fumegar
O progresso há muito tempo
Nesta terra fez chegar

Para melhor condição de vida
Aqui vieram morar
Homens de todas as partes
O emprego não pôde faltar

Entre todas as cidades
Que o Vale do Aço formou
Com amor, bravura e paz
Ipatinga se destacou

Eis aí nossa história
Valorosa, dinâmica, gentil
Flor formosa, singela
No coração do Brasil


De Homem para Homem
Geisa Maria de O. B. Rocha
E.M. Presidente Vargas

Não crucifique o homem
Deixe-o em liberdade
Para agir
Para ser.

Não massifique o homem
Deixe-o descobrir
Seu valor
Enquanto homem.

Não desvalorize o homem
Deixe-o amar
Descobrir
Prosseguir.

Não engane o homem
Deixe-o acreditar
No que diz
No que faz.

Não direcione o homem
Deixe-o guiar
Sua conduta
Sua verdade.

Não deixe que
O homem sofra
Pois o homem
Só é homem
Enquanto BUSCA.


Lutar para Vencer
Luzia Cardoso Siqueira
E.M. Presidente Vargas

O homem para viver,
Ele tem que respirar.
Nós se quisermos vencer,
Temos muito a lutar.

Na batalha desta vida
Os que vencem são heróis.
Neste mundo tão perdido,
Precisa fé de faróis.

Se nascemos para a luta,
Nós devemos enfrentar.
O que luta sempre espera
Uma vitória alcançar.


Poeminha de quatro faces
Rita Erlene Martins Gomide

A brisa suave
Não pára
E canta a bela Jussara

A lua serena
Se ilumina
No meigo olhar de Karina

O sol caliente
O fogo atiça
Toda a graça de Larissa

Do mar profundo vem a paz
Que se eterniza
No encanto de Monaliza.


Aquarelas
Neuza Pivari
E.M. Presidente Vargas

Imagino uma aquarela
Em que você, Isabela,
Tão menina e donzela,
Abrisse a janela
Daquela erma capela
Acendesse uma vela
Sobre tosca arandela
Ficasse em sentinela
Qual brilhante "Stella"
E guiasse barco à vela
Que, durante a procela,
Se perdeu na escuridão.

Imagino uma aquarela
Em que você, Isabela,
Tão leve e magricela,
De sapatos de fivela
Com cheiro de canela
Como a tal Gabriela
Desfolhasse uma flor amarela
Desfilando em passarela
E sorrisse à multidão.

Imagino uma aquarela
Em que você, Isabela
Tão meiga e singela,
Se inspirasse em pastorela
E, como quem pincela
Livre sobre a tela,
Sem medo, sem cautela,
Sem barreira, sem ourela,
Compusesse uma canção.

Imagino uma aquarela
Em que você, Isabela,
Tão feliz e tagarela,
Desse sua parcela
Indo àquela cela
Derrubasse a cancela
Quebrasse a armela
Rodasse a taramela
E libertasse um coração.

Imagino uma aquarela
Em que você, Isabela,
Tão doce e tão bela,
Tal qual Cinderela
E um príncipe de Castela
Com cravo na lapela
Numa varanda paralela
A marquesas-de-belas
Dançassem a tarantela
E vivessem u'a emoção.


Perfil de um Professor
Cláudia Apª de O. Gonzaga
E.M. Primeiros Passos

É atleta... Corre para não perder o ônibus
Corre para almoçar
Corre para não chegar atrasado
Corre para dobrar
Corre para estudar

É mágico ... Sobrevive com seu salário
Sobrevive apesar do cansaço
Sobrevive apesar da desvalorização
Da sua profissão
Sobrevive apesar do stress
Sobrevive às críticas

É otimista... Acredita na mudança
Acredita no aumento
Acredita no futuro
Acredita na sua realização pessoal
Acredita no seu aluno

É feliz porque... Tem o sorriso, o carinho
A confiança, e sinceridade
E o reconhecimento de seus alunos

E são essas coisinhas tão simples
que o tornam realizado.
Porque este professor é acima de tudo...
Um ser que tem sentimento.
É simplesmente...
Gente também.


Tempo que foi
Maria de Lourdes Pais
E.M. Maria Rodrigues Barnabé

Quando penso nas coisas simples
De um tempo que há muito vivi
Recordo que tantas coisas
Deixei pra trás sem sentir

A turminha que todas as tardes
Em frente a casa juntava
Meninos ficavam à parte
Só com meninas eu brincava

Minha mãe ficava em frente
Sentada com alguma vizinha
Às seis a Ave-Maria
Tocava lá na igrejinha

Então por entre as boninas
Corríamos até à Matriz
Ficávamos olhando o sino
Ah! Como era feliz!


Assim
Zezinho
Secretaria de Educação

Sorri assim, linda morena.
Linda morena, sorri assim
Lábios venenos na boca pequena
Promessas de beijos só pra mim.

Anda assim, linda morena
Linda morena anda assim
Passos venenos o quadril encena
Promessas ensejos só para mim.

Ama assim, linda morena.
Linda morena ama assim
Amor veneno mentira pequena
O êxtase descobre. Ah! sim.


Ser Professor
Alseni das Chagas V. Lima
E.M. Estrelinha Azul

Ser professor
É ser humilde o bastante
Para reconhecer
Que muito se aprende a todo instante,
Com aquela criança,
Que na bagagem possui a esperança
Que alguém reconheça que é capaz
De construir, de crescer,
Apesar da pobreza...
Da incerteza...
De uma grande interrogação:
Por que alguns têm na vida tanto
Se ele chora a falta de um pão?

Ser professor
É aproveitar cada momento
E criar em cada situação
Condições para a criança
Construir, questionar,
Aprender a inventar
E, partindo da questão
Que nunca se sabe tudo,
E o importante é aprender
Tirar lições do fracasso
Caminhar...
Passo a passo.
E cada experiência vivida
É mais um degrau vencido
Na longa escada da vida
Ser professor é saber
Que só se constrói o saber
Na busca... na reflexão
No questionamento... na renovação.

Enigma II
Nena de Castro
Secretaria de Educação

Desatem-se os laços das ilusões
E saiam dos castelos os cães da ira.
O rumor do cavalgar dos alazões
Povoem o entardecer dos sonhos rotos...
Rujam as feras nas goelas dos penedos
Indevassáveis das mentes,
E vorazmente,
Estilhacem em mil pedaços a minha face.
E seja noite no retinir de copos, no roçar de corpos
E seja triste o canto ciranda da serpente
Sepulcro belo, solução pungente
De um grito calado na garganta...


Lição dos Ipês
João Damasceno Ribeiro

No mês de setembro
Os ipês
Espiam-nos
Tão amarelos de flor
Que não dá
Para entender
Que morremos
Amarelos
De fome.


O Rio São Francisco
Maria de Paiva Ramos Moreira
E.M. Deolinda Tavares Lamego

Nasce o Rio São Francisco
Na Serra da Canastra
Em nosso Estado querido
De Minas parte ele,
Caminhando destemido,
Atravessando áreas semi-áridas
Do pobre sertão nordestino,
No Atlântico ele deságua
Entre Alagoas e Sergipe.

O velho chico,
Com suas águas lentas e tranquilas
Banha o sertão nordestino
Garantindo vida e sustento
De homens bravos, destemidos
Que em suas margens mourejam.

Barragens de Três Marias
Pertinho de Pirapora
Mais forças ele reúne
Para continuar a trajetória
Agora sob um sol escaldante
Do sertão castigador.

Suas riquíssimas vazantes
De inestimável potencial
Para a agricultura e pecuária
Não conseguem garantir
O progresso no vale vir.
Suas enchentes destróem
O que o homem ousou fazer
É preciso as águas controlar
Para o progresso chegar.

O velho chico está condenado
Por muita poluição
Suas águas antes puras
Impróprias para o consumo agora estão
É preciso que autoridades
Que o Governo Federal
Prestem muita atenção
Pois morrendo o Velho Chico
Morre também nossa tradição.

O Rio é navegável
Da Pirapora(MG) a Juazeiro(BA)
Onde é interrompido
Para um novo salto dar
É Paulo Afonso a cachoeira
Que agora vai chegar.

Velho Chico suas lendas
Caboclo D'água, Mãe D'água
Suas gaiolas, carrancas
Muito, muito fez sonhar
A todos que com carinho
Suas águas quiseram singrar
Suas nobres tradições
Continuarão para sempre
Gravadas em nossos corações

Agradecemos a Deus
O presente que nos deu
Pois o Chico é o Oásis
Que no deserto nasceu.

Banhando cinco estados brasileiros
O rio de Integração Nacional
Ensina o sertanejo
A sobreviver no ingrato sertão
Ele nasce inseguro fraquinho
Mas depois que as duas nascentes se unem
Com ânimo, mais seguro de si
Ele se arrasta altaneiro
Percorrendo só o solo brasileiro.

De suas explêndidas quedas d'água
Casca D'anta é a primeira
Agora muito apressado
No seu curso peleja.


Apelo Ecológico
Rita Erlene Martins Gomide

DO MEIO AMBIENTE
Capítulo VI
Art, 228 da Nova Constituição Brasileira
"Todos têm direito ao MEIO AMBIENTE ecologicamente equilibrado..."

Se é assim, por que é que o verde
morre de sede
Bebendo poluída água?
Piracicaba S.O.S.
Por que fauna e flora estão em baixa
Diante do risco de extinção das espécies?
Mata Atlântica S.O.S.
Serra do Mar, S.O.S.
Zona Costeira, S.O.S.
Floresta Amazônica, S.O.S.
Pantanal Mato Grossense, S.O.S.
Patrimônio Nacional?
Vergonha Mundial?
Exploradores de recursos naturais,
Instaladores de usinas nucleares,
Pesquisadores,
Manipuladores,
Planeta-Terra, S.O.S.
A humanidade pede clemência.
Educação ambiental já
MEIO AMBIENTE
Poderes públicos, defendei-o...
Coletividade preservai-o
Para as presentes e futuras gerações...
Será que estas últimas ainda virão?


Mercador de Versos
Sandra B. Silva
E.M. Pato Donald

Escrever a vida com traço de ternura.
Esquecer a dor, preservar o encanto
De viver além das fases, a doçura
Ser poeta neste mundo, loucura.

Viajar do sonho à realidade
Trazendo nos ombros os versos que cantam
Que dizem da vida o amor, a saudade
Que fazem da luta um canto verdade.

Indagam por que o encanto de ser
De dizer sem saber se ouvido terá
Para ouvir minha voz, o que tenho a cantar.
Nos versos, nas prosas que tesouro haverá?


Às Árvores
Maria Zélia
E.M. Presidente Vargas

Ó frondosa árvore amiga
Que abrigavas em teus ramos,
Pássaros com belas cantigas
Bem-te-vis, canários e gaturamos.
Deste sombra aos andarilhos,
Quando o sol com todo brilho
Retira do campo o orvalho.
És, agora, tronco sem folhas
Cabisbaixa sofre o corte
Dos machados, das serrilhas
Esquecida até a morte.
Definhando cada vez mais
Consome, assim, os teus dias
Alegrando os que querem umbrais
Os que vivem às arrelias.

No teu lugar deixas sombras
De morte, de tristeza
Parece, até, que assombras
Aos que vivem na certeza
De quererem tua vida
Perfeita e alvissareira
Sendo mesmo prazenteira
Vendo-te, assim, esquecida,
Choro contigo, ó companheira.


Tecendo
Maria da C.M. Carneiro
Secretaria Municipal de Educação

Enquanto não chegas
Exerço o ato de esperar.
Eu gosto desta espera
Farta de imaginação
E pródiga de promessas.
É bom, numa noite
Sem sono, saber que
Estás por chegar.
Um dia, dois dias
Ou pouco mais e
Troco todo meu trabalho
Pelo prazer de tua presença.
Sei que vais precisar
De mim.

E aí vou concentrando
Toda solicitude pra
Que fiques à vontade
E que penses em voltar
Mais cedo do que tarde
- Te espero.
E teço, esta espera
Com fios de noturna saudade.


Comunhão
Vavá
E.M. Primeiros Passos

Uma simples semente,
Plantada como outra qualquer,
Secou, murchou, morreu,
Reviveu
Tornou-se vida em todos os pés

Cresceu
De flor logo se encheu
O fruto então veio,
Deixando o balaio quase cheio

Depois de colhido,
Foi amassado
Peneirado,
E muito bem catado
Trigo branco e torrado
No forno assado,
Na máquina foi cortado,
E na Hóstia, o corpo de Cristo
Consagrado!

E um homem, que não viveu este processo
Apenas preocupou, com o progresso,
Com a fama, dinheiro e riqueza
Foi sentar-se à mesa.

Do pão ele queria comer,
Sendo que o trigo não fez nascer,
Esquecendo que comunhão
É sinônimo de união!

Do pão comeu realmente,
Mas saiu da mesa tristemente
Porque o próximo ele não amou
E Cristo, em seu coração não entrou!

Brincando com letra, palavras, textos,
Números, plantas e animais,
Passeios, experiências, teatro, dança,

Sentiu-se triste, sozinho, abatido...
Tudo o que havia construído
Não lhe dava a paz interior
Que a a Hóstia nos dá em nome do
Senhor!

Em casa reviveu o catecismo,
E viu que era preciso
Pôr o amor em primeiro lugar
Para em nosso coração o Senhor entrar!


Quinze Anos - Floridade
Rita Erlene Martins Gomide

Menina sapeca
Cadê sua boneca?

Deixou-a de lado
Pelo namorado

Menina bonita
Cadê sua fita?

Amarrou-a no braço
Para prendê-lo no laço

Menina flor
Descobriu o amor

Ontem na roda
Cirandinha
Hoje na dança
Dançarina

Gira e roda
Feliz idade
A flor-menina
Na floridade.


Fugacidade
Aparecida Barreto
E.M. Pe. Cícero de Castro

Percebo, agora, que não tenho medo
de ti
Fugacidade,
Porque não existes.

Se levo na pele as marcas do toque,
E nos olhos as imagens em toda sua
plenitude,
E no coração toda ternura,

Onde estás fugacidade?
A eternidade é que de fato há
Pela intensidade do sentir


Amarelo Amar Elo
João Damasceno Ribeiro

Primeira lição
Que o sol me ensinou
Desde a lição
De nosso primeiro beijo.


Adolescendo
Maria de Paiva Ramos Moreira
E.M. Deolinda Tavares Lamego

Sonhos, quimera, fantasia,
Devaneios, magia, ilusão,
Anseios, emoção, encantamento,
Tudo isto acontece
Na vida de todo ser
Que mesmo sem perceber
Está sempre a crescer.

Suspiros... ais...
Muita, muita compreensão
Precisamos nesta hora
Amparar com precisão
A criança que crescendo,
Amando, adolescendo,
Morando nas nuvens
Abraçando o mundo
Sonha acordada.

Primeiro amor, primeiro beijo
Explodindo fantasia
Seu pensamento distancia...
Frágil,
Forte,
Decidida,
Instável,
Muda rápido de humor
Ri,
Chora,
Entristece,
Olha fixo o infinito
Inexplicável,
Para ela o amor desabrochou.

Ame, menina, ame!
Sonhe, menina, sonhe!
Os sonhos dão colorido e sentido a
Nossa vida.


Paixão Profunda
João Damasceno Ribeiro

Tudo me dei
A mim por ela

Minha inteligência
Meu sexo
Tudo que sabia

Agora posso chorar em paz
Mais nada posso fazer.

Por sobre o horizonte
Quando uma lágrima caía
Quase sempre sem data.


Essência
Maria da C. M. Carneiro

Quem sabe o que significa?
O tempo transcorrido entre
Um "tique" e um "taque"?
Em meio às batidas
Surgem pensamentos mais
Concretos que os próprios
Toques que ecoam
Noite a dentro como
Bumbos de uma
Escola de samba.
E aí vem a prevista
Sensação de que o tempo
Está contido nesta marcação.

É um tempo suficiente
Pra produzir um poeminha
Mais que besta,
Falando da dimensão infinita
Que pode vir aí, apertado
Entre "tique" e "taque",
Assim como a vida se determina
Tristemente acomodada entre
Nascer e morrer.


Solitude
Neuza Dias Pivari
E.M. Presidente Vargas

Est-ce' qu'aujourd'hui
C'est un jour
Comme l' autre quelconque?

Non, ce n' est pas.
Aujourd' hui
C'este un jour
De pleine tristesse

Il pleut.
Il fait froid.
La nature s' associe
Á ma douleur.

Les nuages gris
Cachent le bleu du ciel
La solitude blanche
Cache la vie du mon coeur.

La soleil a disparu,
Mon amour j' ai perdu.


Je t' adore
Zezinho
Secretaria de Educação

Je voudrais
Être um poéte
Qui peut,
En poésie,
Embrasser ta tête
Offrir les lévres
Aux tiens en fiévre,
Sentir tes mains
Surt le corps
Avant qu'il soit mort.

Maintenant,
Je suis un poéte,
Car tu es jolie
Et tu m'as vu, cherrie.

Je cherche
Une fleur, une photo
Pour t'emporter
À l'eternité.

Quant je les aurai trouvé
Je serai mort
Mais elles vont témoigner
Que je t'adore.


Observações:
A transcrição da obra OPUS neste blog tem como objetivo  preservar eletronicamente este patrimônio cultural da Educação Municipal de Ipatinga e de seus educadores.
Neste mês de setembro esta obra faz 20 anos - é hora de homenagear e comemorar sua atualidade. Duas décadas de existência garantem sua preservação e historicidade, afinal, como diz Brecht: "Em cada década um grande homem."
Na organização de minha estante, eis, que, misteriosamente, surge este OPUS. Foi uma emoção em recordar os bons tempos da Educação em Ipatinga. Como bem disse minha amiga poeta, Nena de Castro: "Sonhamos e vivemos uma Educação de Qualidade em Ipatinga!" Infelizmente, foi por pouco tempo!