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Comigo a natureza enlouqueceu; sou todo emoção" Adaptado de Maiakoviski

quinta-feira, 24 de junho de 2021

A Escola da Vida ou Manual de Sobrevivência no Lar

"Meu ofício é dizer o que penso. O segredo de aborrecer é dizer tudo." 
Voltaire

Trabalhando com madeira em Nova Viçosa

Todos nós sabemos que a escola é a instituição legal responsável pelo ensino e a educação da população. Nela você aprende aqueles conhecimentos que sua família não tem condição de te ensinar; como as matérias básicas do ensino: a Língua Portuguesa, a Matemática, a História, a Geografia e outras, dependendo do nível de ensino que você está frequentando. A Educação é função primeira e essencial da família, e a escola é uma continuadora desse processo, através das relações interpessoais entre a comunidade escolar.

Mas, além desta escola formal, existe uma escola da vida, que é a experiência que adquirimos ao longo de nossas ações diárias na convivência com as outras pessoas, sejam elas profissionais ou simples cidadãos. Esta escola da vida amplia nossos conhecimentos, que vão muito além de nossas aprendizagens escolares. Na convivência com outras pessoas, terminamos adquirindo conhecimentos que nenhuma escola formal nos ensinaria.

E ao frequentar a Escola da Vida, principalmente depois da aposentadoria, observei como as pessoas gostam de ensinar. Talvez seja uma vaidade ao perceber que alguém não sabe o que elas sabem. Lembro que fui a uma Casa de Material de Construção e o atendente me deu uma aula sobre o funcionamento de uma válvula de descarga de banheiro. Ele abriu a peça, me mostrou cada parte e depois como funciona no vaso. E assim acontece em outras áreas. Acho que é por isso, que chamam treinador de futebol de professor. Ele orienta o time a como jogar para ganhar, como um professor ensina o aluno a solução de um problema ou um tipo de conhecimento.

Práticas na Escola da Vida 

1. A minha primeira experiência na Escola da Vida que me lembro aconteceu na adolescência, quando jogava vôlei em frente a nossa casa no Bairro Amaro Lanari, em uma quadra de cimento toda irregular, pois era o piso do antigo alojamento de operários da Usiminas. Quando chovia ela enchia de água nas partes baixas, formando alguns pequenos lagos em sua área. Aí os jogadores começavam a puxar a água pra abrir espaço para o nosso jogo. Lembro que eu puxava a água em um mesmo sentido, ou seja, acumulando a água em outro local; situação que não resolvia o problema. Um amigo meu, o Jurandir, vendo aquilo falou pra eu espalhar a água pela quadra, que a mesma ia secar muito mais rapidamente. E era verdade, pois a água espalhada ficava mais fina e de fácil evaporação pelo vento e o sol. Nunca mais esqueci isto.

2. O segundo ensinamento foi de uma senhora da Igreja Católica do Bairro Amaro Lanari, a Dona Tina. Uma santa mulher, hoje já falecida. Ela era zeladora da Igreja, portanto limpava tudo lá, e usava principalmente a vassoura. Um dia ela me disse que quando você começa a escolher o lugar pra varrer, é porque você está cansado, e é verdade. Já fiz isto várias vezes, não só com o ato de usar a vassoura, mas com outros equipamentos como a enxada, o martelo, e outras ferramentas. Logo, é hora de parar para descansar e voltar depois à função.

3. Uma das lições da Escola da Vida que devemos obedecer com todo cuidado é com a segurança para fazer qualquer coisa em casa, principalmente quanto trabalhamos com material elétrico. Uma regra fundamental que todas as fábricas indicam quando você compra algum aparelho é desligar a instalação elétrica pra fazer uso de qualquer equipamento, e isto vale para todo trabalho com energia. Nunca dê uma de corajoso e tentar trabalhar com a energia elétrica ligada. Mesmo que trabalhe com a voltagem de 110 ou 220, as regras são as mesmas. Outra dica importante é quando você terminar de usar algum equipamento elétrico, seja um simples ferro de passar roupa, um liquidificador, e principalmente uma furadeira, desligue o aparelho da tomada; isto é essencial, mesmo que você volte a usá-lo novamente. E nunca desligue a tomada pela fiação, e sim pelo plugue. Nunca puxe os fios da tomada em caso de um acidente, os famosos "curtos elétricos", mas sim desligue a chave geral da casa, nos chamados disjuntores.

4. Uma lição que aprendi do senhor Elísio foi a questão do uso do espaço, principalmente em nossa casa. Era meu vizinho no Bairro Caladinho de Baixo. A gente conversava muito, pois morava em frente a nossa casa. Era conversador, como eu. Nunca tivemos um problema. Um dia estava no terraço olhando um lugar para construir um barracão para guardar ferramentas, pois as encostava em um canto do terraço. Aí chegou o senhor Elísio, e vendo o que eu estava planejando, me falou: "Betão, não constrói nada não, pois quanto mais espaço você tiver, mais coisa vai juntar.". E eu obedeci. E como foi útil sua opinião. O importante é a organização do que você tem em um espaço disponível, pois do contrário, você vai comprar mais coisas para ocupar o lugar amplo que você construiu a mais. Esta foi uma lição que nunca esqueci. Hoje tenho muita coisa que utilizo em pouco espaço, pois assim só ficamos com o que precisamos, o resto passamos para frente, e não guardamos aquilo, que muito provavelmente, nunca utilizaremos. E como dizem: "O importante é a qualidade, e não a quantidade.". Dizem que o filósofo Sócrates, observando as feiras antigas de Atenas, falou: "Um ateniense precisa de muita coisa pra viver.". Era verdade, como o é ainda hoje, em nossa sociedade de consumo. Portanto, a administração do espaço é muito importante em nossa vida diária, ou vamos lotar nossas casas de coisas inúteis e produtoras de lixo.

5. Uma lição que sempre tentei deixar para meus filhos e filhas é para buscarem a felicidade na vida pessoal e profissional. Sempre disse que o importante é fazer o que te faz feliz, e o dinheiro é consequência do que você sabe fazer de melhor e com amor. Que escolhessem a profissão que lhes desse prazer, e não aquela que oferecesse um salário melhor. E acho que acertei com todos(as), graças a Deus! Ninguém procurou cursos ou profissões que lhes rendessem mais remuneração, como tenho visto em muitas famílias, pois no final, os(as) filhos(as) terminam formando, muitas vezes, pra satisfazer um desejo frustrado dos pais; e o resultado costuma ser o surgimento de péssimos profissionais e pessoas humanas que deixam a desejar em relação ao bom envolvimento social.

6. Uma lição importante na Escola da Vida é procurar ser o mais independente possível em quaisquer atividades, ou seja, na família, na sociedade ou no trabalho. Aquilo que você achar que dá conta de fazer sozinho; faça! Se não conseguir, peça ajuda. Mas nunca erre por não tentar. Muitas pessoas nem tentam fazer as coisas, às vezes, coisas simples, e já pedem ajuda, isto é o que chamamos de "parasitas"... e como proliferam! É claro, que existem trabalhos que exigem profissionais especializados, estes precisam mesmo da ação de especialistas, mas a maioria dos trabalhos do dia a dia, não precisa destes profissionais. Além do mais, hoje existem ferramentas sofisticadas ao alcance de qualquer cidadão, tanto em relação a preço e acesso para aquisição. Antigamente isto não existia. Tenho o exemplo de uma senhora pra lá de idosa fazendo o trabalho de sua cozinha com toda dificuldade de locomoção; ela dizia diante do repórter da TV: "Eu faço assim, virando meu corpo como posso, e faço tudo que preciso.". E saía toda torta pra realizar o trabalho, e conseguia fazer tudo. Outro exemplo é de minha mãe que depois de tantos problemas sérios de saúde ainda continua costurando com máquina antiga de pedal para ajudar pessoas necessitadas.

7. Outra lição importante da Escola da Vida veio de um professor, amigo meu, o Agostinho. É professor de Matemática. Trabalhou a vida toda na Escola Municipal Presidente Vargas, em Ipatinga. Trabalhei lá com ele. Depois fui para o Centro de Ensino Supletivo. Lembro de uma conversa nossa quando o Supletivo em que eu trabalhava foi fechado em 2000, pelo governo da Prefeitura de Ipatinga. Eu adorava trabalhar nesta escola. Um dia falei com o Agostinho: "A Prefeitura acabou com meu sonho na Educação: achava que ia aposentar no Supletivo.". Aí, ele na maior serenidade, me disse: "Você terá outros sonhos.". E ele tinha razão. Temos muitos sonhos na vida, e não adianta lamentar algum desejo não realizado. Continuei a trabalhar em outras escolas e realizar outros sonhos, inclusive o de publicar livros.

8. Diz um ditado popular que "a vida é um jogo". E em minha opinião, é uma grande verdade. E para confirmar esta máxima, cito um comentário de um jornalista durante um jogo do Cruzeiro, pela Taça Libertadores da América, realizado em um país da América Espanhola (não me lembro o país), em que o nosso time perdeu de 3 x 0. No final do jogo o comentarista disse o seguinte, fato que nunca vou esquecer: "O Cruzeiro podia ter errado, mas não podia errar o tanto que errou, por isto perdeu.". Assim também é a vida, podemos errar, e erramos mesmo, mas não podemos errar muito, pois terminamos entrando em um beco sem saída... e aí, perdemos "o jogo da vida.". Temos que levar a vida a sério, como disse o poeta Vinícius de Moraes: "A vida não é de brincadeira...". Conhecemos pessoas que não gostam de estudar, e ficam trabalhando aqui e ali, em empregos de baixo salário, e terminam endividando sem poder pagar as dívidas; e quando casam e têm filhos, aí sim, a coisa fica feia. Precisamos ter um curso superior, e isto é fundamental nos dias de hoje, e garantir um bom emprego, se possível com uma certa estabilidade, pois segurança mesmo, ninguém tem; nem nós concursados.

9. Muito cuidado ao tentar ajudar alguém. Muitas vezes sua ajuda vai exceder ao que você tem a oferecer, pois infelizmente muita gente se aproveita da nossa boa vontade. Acontece de alguém solicitar sua ajuda, ou você, com sua sensibilidade humana, o que é muito raro, terminar por perceber que a pessoa está precisando de ajuda, e se oferece para ajudar, evitando que a pessoa se humilhe ao solicitar a ajuda de alguém, fato que infelizmente provoca sim, uma humilhação. Em minha vida já vivi e ouvi muitos casos sobre esta questão de necessitar da ajuda de alguém para solucionar algum problema. Lembro de meu pai contando que ajudou uma pessoa a ir ao hospital em sua camionete, mas a porta do veículo não queria abrir, aí um senhor deu um chute na porta, e a mesma abriu, mas ficou quebrada. E é claro, e previsível, a pessoa não se ofereceu para consertar a porta. Esta aconteceu comigo quando trabalhava no Supletivo: ofereci carona para uma amiga, e a mesma foi convidando outras pessoas para irem comigo... logo saí entregando professoras pra cidade a fora. Se for solicitado a ajudar alguém é importante prestar esta ajuda, pois só o fato de pedir ajuda já é difícil, imagina se for negado; a menos, é claro, que não tenhamos condições de ajudar. E se isto acontecer temos que explicar com muito cuidado esta falta de apoio. Aconteceu também um fato que nossa família (os Pereira Souto) ajudou financeiramente um antigo amigo, e este gastou o dinheiro todo com bebida no centro de Ipatinga. Depois, na maior cara de pau foi pedir a mesma ajuda lá em casa. Por pura coincidência eu estava lá, aí dei uma chamada nele, falando sobre sua irresponsabilidade, e para pedir ajuda a outras pessoas... sumiu lá de casa. Algumas vezes temos de ser duros com algumas pessoas, pois muitas procuram aproveitar de nossa boa vontade. Incrível, mas depois me agradeceu pela chamada de atenção. Mas nunca mais voltou a nossa casa.

10. "O difícil é ligar a religião à vida.". Palavras do Pe. Carvalho ainda na década de 1970. Palavras sábias que continuam válidas até hoje. A maioria das pessoas acha que religião é uma coisa; e a vida outra. É a chamada religião de gaveta, ou seja, durante a semana você abre a gaveta da vida, e aí você pode fazer o certo e o errado; e no domingo, abre-se a gaveta da religião indo à Missa ou Culto, e dedicando um dia a Deus. Lembro do meu pai contando que a mãe dele falava com os filhos, quando estes faziam alguma coisa errada: "Não tem importância, no domingo você leva um dinheirinho para o santo.". Quer dizer: seus pecados estão perdoados, pois você comprou o perdão. Mas esta herança vem dos Impérios Grego e Romano: quando os guerreiros iam lutar, os deuses ajudavam mais a quem fazia mais oferenda a determinado deus, e este até lutava na guerra com o seu contribuinte. E hoje, infelizmente, tem gente que age e pensa assim. 

11. Interessantes são as mudanças comportamentais, pois as maioria acontece sem você perceber... quando observa você já mudou. Existem aquelas mais radicais, como o alcoolismo, as drogas, a violência, etc. Estas sim, são planejadas, inclusive com tratamento com profissionais. Mas a maioria das mudanças acontece sem nossa percepção. No meu caso tive uma mudança de assustar: lembro que tinha a mania de dar uns tapas leves no ombro das pessoas quando começava uma conversa, é lógico que herdei isto de algum amigo, pois alguns até empurram as pessoas quando iniciam uma conversa. Mas eu, de repente, parei com isto. Tomei um susto com este fato. Outra mudança foi quando eu falava umas palavras desnecessárias e meio "cabulosas" nas conversas, e de repente parei com este vocabulário. Gostei das mudanças inesperadas. Mas mudanças comportamentais são raras. Vi uma Série em que o ator principal sempre dizia: "Ninguém nunca muda!", quando alguém dizia que mudou.

12. As lições do casamento. No casamento você termina aprendendo muita coisa com o parceiro que facilitam sua vida. É só você ter humildade pra entender que ninguém sabe tudo, que todos nós ensinamos e aprendemos a vida toda, seja na Escola Regular e na Escola da Vida. Com a Sueli aprendi a colocar rodinhas em quase todos os móveis da casa. No início achei uma chatice de mulher, mas com o tempo descobri o quanto facilitou a nossa vida diária. Fiquei com medo dela colocar rodinhas em mim...

13. As lições dos relacionamentos interpessoais. Valorizar e elogiar as pessoas é essencial. Procure conhecer os gostos e "desgostos" das pessoas, sejam amigos(as), namorados(as), esposos(as), e evite desagradá-los(as) em suas conversas. Evite assuntos polêmicos como religião e política, principalmente. Evite tema que você sabe que vai desagradar a alguém, pois existem muitos assuntos para as conversas com as pessoas que não levam a conflitos. Como alguém disse: "É melhor perder a razão do que um amigo.". E nunca corrija ninguém - esqueça seu lado paternal/maternal/professoral -, pois as pessoas têm o direito de errar; e o erro, muitas vezes, é seu olhar subjetivo sobre determinada ação, portanto pode ser um acerto para a outra pessoa.

14. Estender roupa pra secar - lição de mãe. Lembro de minha mãe me orientando sobre secar roupa: "Nunca deixe a roupa molhada embolada, mas sim aberta e estendida para secar mais rapidamente.". Nunca mais esqueci esta lição! E tem fundamento científico, pois a roupa estendida recebe maior incidência do sol e do vento, fator que provoca sua secagem rápida.

15. Praticidade e beleza. Quando realizamos algum trabalho buscamos sua funcionalidade associada a sua beleza, mas, às vezes, não conseguimos as duas coisas no resultado. Por isso, temos que optar por uma das duas como dominante. No meu caso prefiro sua praticidade em detrimento da beleza... também não podemos ser relaxados a ponto de abrir mão de um pouco de sua estética. 

16. Usar lenço. Esta é mais uma lição recebida de minha mãe ainda na adolescência. "Nunca saia sem lenço, meu filho, pois é muito útil.". Nunca mais deixei de usá-los! E como podem ser úteis para limpar qualquer coisa em horas, às vezes, muito impróprias, como numa festa em que você se descuida e suja suas mãos ou sua roupa, ou de outras pessoas como crianças, principalmente.

17. Não assuma compromissos maiores do que suas possibilidades suportam. Hoje eu digo: levanto e carrego um peso de 20 quilos, não o de 60. Fiz muito isso na vida; mas como disse o poeta: "Fiz do meu jeito.". Hoje não aguento cuidar de crianças, mas já fiz isto e muito. Lembro da minha mãe me falando quando alguém deixava crianças com ela pra sair (pra descansar os pais e cansar os avós). E ela me disse: "Não aguento cuidar de crianças mais.". Acho isso uma covardia e incompreensão. E ela cuidou só de dez...

18. Mais uma vez a parte elétrica que é a mais perigosa para os "maridos de aluguel.". Quando for instalar um chuveiro coloque um plugue nos fios que fazem a ligação com a rede da rua para encaixe na base da tomada na parede (quando tem, se não tem, instale uma caixa para tomada na parede). Isto facilita quando você quiser trocar o chuveiro, ou até fazer limpeza no mesmo, além de eliminar o contato permanente entre fios, que terminam queimando com o tempo e derretendo a fita isolante que faz a ligação entre eles... E dá aquele cheiro assustador de queimado. Na nossa casa fiz tudo assim. Aprendi com o eletricista Carlos, de Nova Viçosa. Eu já fazia isto com as campainhas... pra não ser incomodado o tempo todo. Inventei isto no Bairro Santa Terezinha II, em Cel. Fabriciano. Foto abaixo da instalação do chuveiro.


19. Evite preocupações! Sofra quando vier o problema, não o antecipe. Sei que é difícil fazer isto, mas não existe outro caminho. Preocupações são fontes de doenças e não solucionam nenhum problema.

20. Mais uma para os "maridos de aluguel.". Quando for acender o gás do fogão, abra o gás  e espere um pouco para o acendimento. Ou vai ficar tentando acender sem gás, ou impedindo sua entrada na tubulação do fogão, e ouvindo aquele barulho chato de acendedor.

21. Esta aprendizagem prática para a vida diária veio de um vendedor de uma casa de material de construção de Nova Viçosa, o Marquinhos. Fui comprar broca de madeira para a furadeira, e pedi aquela própria que tem uma pontinha pra furar, aí o Marquinhos me disse: "Usa a broca pra furar ferro que é melhor.". Nunca mais usei outra pra madeira.

22. Uso do torno. Este é um equipamento essencial pra todo trabalhador em casa, pois tem mil e uma utilidades - é um apoio pra quase todos os serviços básicos da casa, inclusive pra você fabricar pequenas ferramentas, suporte pra lixar, abrir tantas agarradas, etc. E para fixar o torno você vai precisar de uma mesa de madeira, de preferência mais rústica, e sem pintura no local do trabalho, pois a tinta costuma agarrar nos trabalhos que está fazendo, isto quando apoiar o objeto em cima da mesa.

23. Algumas ferramentas são importantes para realizar pequenos serviços em casa, mesmo para quem mora em apartamento. Um martelo, uma furadeira, uma escada (não use a plataforma pra pisar, ela é local para se colocar algum objeto), um serrote, uma cegueta, uma chave de fenda (de preferência um jogo com vários tamanhos e modelos), uma trena, pelo menos um alicate, uma chave de boca de 11 ml, uma de 13 ml (2 de cada para a rosca não girar livremente, assim você pode girar de um lado e firmar do outro) e uma chave de boca inglesa, entre outras ferramentas; pois as necessidades vão exigir algumas diferentes para trabalhos mais específicos. E você pode tomar gosto por estas atividades, e montar uma pequena oficina. Importante também sobre as ferramentas é que umas complementam as outras, pois geralmente uma ferramenta não faz tudo sozinha. Um exemplo simples: uma furadeira quando enfrenta uma parede muita dura ou uma cerâmica, é melhor utilizar uma ponta de ferro pra começar o serviço, abrindo o caminho para a broca; inclusive durante a ação da furadeira é bom desligar o equipamento um pouco para descansar, evitando assim forçar muito o motor, que pode chegar a queimar. quando está sendo muito exigido. E este descanso vale pra todas as máquinas elétricas como  lixadeiras, serra tico-tico, plainas elétricas, cortadeira de grama, etc.

24. Emprestar ou pegar emprestado. Lembro do meu pai em seu bom costume de não pegar nada emprestado, pois sempre comprava tudo que precisava, até em duplicata. Herdei isto dele: nunca peguei nada emprestado, a não ser dinheiro... este não tem jeito. Mas sempre preferi pegar dinheiro emprestado de empresa, pois os juros tiram a humilhação, e vira mais negócio que empréstimo. Lembro de uma vez que emprestei uma escada para um vizinho, e o mesmo nunca a devolvia. Ficava encostada na parede da casa dele... só pode ser pra me provocar, pensei. Aí planejei o dia da cobrança da entrega. Já que ele recebia muita visita da roça, esperei um dia em que ele estava despedindo das visitas, e pedi a escada de volta na frente de todo mundo. A mulher dele quase bateu nele com os xingamentos. "Já te falei mil vezes pra devolver a escada pro Beto!". Ele saiu caladinho e pegou a  escada pra mim. É bom ser meu amigo! Disse um colega meu. Então cuidado com os empréstimos!

 25. Sobre a famosa felicidade pessoal. O poeta Vinícius de Moraes afirma, em uma de suas belas canções que não somos felizes sozinho, mas ao mesmo tempo, disse que nunca entendeu as mulheres, apesar de tê-las em grande número. Logo sua afirmativa é pura poesia musical. Já Carlos Drummond afirmou que os amantes da boa música, da literatura e da arte, nunca estão sozinhos, ou seja, somos felizes com o mundo que criamos. Por que existem tantas separações matrimoniais? Porque alguém tira um pouco de nossa felicidade pessoal e não coloca nada de bom no lugar. Para uma felicidade a dois, o casal precisa oferecer mais prazer um ao outro ou manter o nível de felicidade do parceiro. Um psicólogo disse que quem vive bem consigo mesmo tem mais facilidade pra conviver com o outro. Por quê? Certamente porque ele é feliz e não depende de outro para sua felicidade. Se a presença do outro acrescentar algo de positivo a nossa felicidade pessoal a relação pode dar certo. O contrário é "pensão alimentícia.". Ou sofrimento para sempre! O Amor! Ah! O Amor é sonho que se desfaz, muitas vezes, no primeiro conflito... É nuvem passageira! É vento sul...

26. Pedagogia do Erro. Esta lição aprendi sozinho. Notei que muitas vezes em que ia corrigir um erro em um trabalho, terminava tendo uma ideia nova sobre o que estava fazendo, logo o conserto levava a um resultado muito melhor do que o que tinha planejado no início. Não é sempre assim, mas acontece muito comigo.

27. Um novo olhar. Mais uma lição que aprendi com a experiência. Sobre tudo o que fazemos, temos um primeiro olhar sobre a obra realizada, e até sobre as pessoas que conhecemos. Achamos que aquela é a única e permanente imagem que fazemos no nosso primeiro olhar. Como um exemplo que percebi com clareza foi sobre as várias mudanças de residência que fiz. Para cada casa que mudava realizava uma organização dos móveis, eletrodomésticos e outros objetos no novo espaço, e nunca pensava que um dia eu pudesse fazer alguma mudança de local dentro do mesmo. Descobri com o tempo, que o primeiro olhar nunca será o último, pois muitas alterações no espaço residencial faremos no futuro, e geralmente num breve futuro. Assim também acontece com as pessoas, temos sempre um primeiro olhar da pessoa, ou seja, como a vemos naquele momento, mas com o tempo vamos percebendo comportamentos novos e, muitas vezes, terminamos por criar uma nova imagem desta pessoa, ou seja, é um novo olhar que acontece naturalmente. Quando há mudança demais, aí já é hora de procurar um psicólogo, pois este é um sinal de infelicidade, pois as constantes mudanças, são, na verdade, uma busca infrutífera de nossa felicidade de uma forma inusitada e no lugar errado.

28. Falamos muito que temos um macete pra fazer determinada coisa, mas este macete pode ser esquecido com o tempo, pois a mesma prática pode demorar muito a ser repetida. Depois de muito tempo sem fazer uma coisa, temos que refazer todo o processo, e este fato demanda nova aprendizagem de como fazer a mesma coisa com menos esforço. O bom seria fazer algum registro desses macetes, coisa que ainda não tentei fazer, mas acho que vale a pena, pois do contrário estaremos refazendo a mesma prática o tempo todo. Isto vale para qualquer serviço, do mais simples ao mais complicado. O computador é campeão dessa prática de macetes, pois descobrimos determinado atalho para realizar um trabalho, e logo esquecemos como fizemos aquilo. Aí é aquela trabalheira para fazer de novo de forma mais fácil e prática, e diferente dos modelos indicados pelos manuais. É a experiência superando a teoria.

29. Não se preocupe com pequenos erros em seus trabalhos. No inicio você fica olhando várias vezes a falha, talvez um desnível ou um alinhamento não tão perfeito, mas com o tempo não vai nem se lembrar onde aconteceu. Procure chegar o mais perto possível da perfeição, mas não exagere nesta busca, pois pode terminar alterando tanto o trabalho, que não terá mais nem como consertá-lo. Seja humilde, contente-se com o que já realizou. Na verdade era um simples detalhe que não alterava a finalidade da obra. E outros trabalhos surgirão, assim como outros erros e acertos. Aconteceu isso comigo quando construí o pergolado. Olhava o alinhamento das réguas em cima, e sempre via alguma diferença. Ia lá e consertava. Olhava de novo, e novamente cortava um pedaço de uma régua para alinhar com as demais. Até que um dia parei e fui fazer outra coisa. Hoje nem sei onde tem algum desnível. Só vejo o belo conjunto da obra.

30. Dizemos que "todo cuidado é pouco" para não sofrermos um acidente, mas isto vale também para a atenção, ou seja, toda atenção é pouca quando realizamos um trabalho. Mesmo que nos preparemos para um pequeno trabalho, acumulando paciência antecipada, mas num pequeno descuido, falhamos. Cortamos alguma coisa que não precisava, isto pode ser em qualquer tipo de trabalho; seja nos trabalhos domésticos, na empresa, ou qualquer outra ação nossa. Lembro de um pequeno trabalho caseiro de colocar uma canaleta para cobrir os fios de telefone, da internet, e outros fios. E para isto, teria que fazer pequenos cortes para a passagem de fios quando os mesmos tinham de fazer uma pequena curva... de repente o alicate esbarra em um fio e o corta. Pronto! Agora é hora de procurar qual o fio foi cortado e tomar as providências para voltar à normalidade. Fica a dica: atenção redobrada mesmo em pequenos trabalhos.

31. Uma lição que aprendi com um rapaz das Óticas Maria José. Uma vez pedi pra fazerem a restauração de uma fotografia antiga, e quando a recebi, fiquei olhando o resultado com a foto muito próxima de meu rosto, e percebi que a foto tinha um tanto de pontinhos uniformes nas imagens, então falei com o vendedor, e ele, calmamente me disse: "Rapaz, a gente não olha fotografia de perto.". Aí vi que era verdade. Geralmente a gente vê a fotografia na parede ou em outro local, como num álbum, com uma certa distância dos olhos. Nunca mais esqueci esta lição. E tem um ditado que diz mais ou menos assim: "Nada de perto é perfeito.". E é verdade! E esta lição vale também para quem pratica a Jardinagem, pois o jardim é visto sempre de uma certa distância, pois de muito perto você vai perceber alguma coisa que pode alterar a beleza da paisagem, como uma pequena planta que não estava no planejamento do jardim, ou mesmo algum mato esquecido no local, e até pequenos objetos que alguém deixou cair ali. Mas no geral, o jardim é sempre belo e impactante para a sensibilidade de quem o admira.


32. Uma lição de vida que nos acompanha para sempre é ter paciência. Eita coisa difícil! Para ter paciência temos que adotar algumas medidas quando nos relacionamos com pessoas, sejam familiares ou amigos. Um deles é tentar evitar falar aquilo que as pessoas não gostam, pois do contrário a resposta vem com toda agressividade, pois a individualidade aflora. E com o tempo você vai descobrindo essas manhas. Agora, com objetos, uns xingos não fazem mal pra descarregar a raiva. Precisamos estar disponíveis sempre, quando temos de atender alguém em hora inadequada. Temos de nos preparar para estes momentos, pois uma hora chega mesmo. Paciência não significa aceitar tudo de forma passiva, mas respeitar a opinião do outro, sem muito questionamento; o essencial, às vezes, resolve tudo, sem conflitos. Mas haja paciência para certos serviços (serviços muito chatos contrate outra pessoa), e companhias.! Ah! estas temos que tolerar!

33. Sobre esquecimento. Muitas vezes vamos pegar alguma coisa dentro de casa, e esquecemos o que íamos buscar e o lugar em que está. Aí olhamos para o lado. Voltamos ao lugar de origem, ou seja, onde tivemos a ideia de buscar alguma coisa. Andamos para todo lado para tentar lembrar o que queríamos... e nada. Fazer o quê? Nestes casos adoto a "pedagogia das crianças": ficou difícil, largo pra lá e vou fazer outra coisa. E de repente, no meio de outra atividade, lembro da coisa e o lugar onde a coloquei. É uma boa técnica para recobrar a memória. Não sei a razão científica, mas funciona.

34. Esta é mais uma aprendizagem sobre ferramentas elétricas, e uma lição que aprendi com o meu amigo Débson, ex-gerente da Cemig. Um dia quando eu estava usando a furadeira, ele me disse: "Nunca compre uma ferramenta elétrica com menos de 500 watts de potência, pois são fracas até para pequenos serviços.". E mais uma sobre furadeiras: você pode administrar o tamanho da colocação da broca para furar. Não precisa introduzir no bico toda a parte da broca que não tem corte para o seu trabalho. Pode aumentar ou diminuir o tamanho que fica no bico da furadeira. Fotos abaixo:

  A mesma broca - na segunda imagem a broca está mais pra fora do bico pra furar uma madeira mais grossa.

35. Poda de plantas no jardim. Para quem gosta de jardinagem é essencial a utilização de ferramentas próprias para o exercício seguro de suas atividades. Existem ferramentas manuais e máquinas elétricas para cada situação. Para a poda de galhos de árvores existem tesouras nos tamanhos adequados. É só verificar a altura da vegetação para utilizar o equipamento necessário. No caso dos pergolados que são construídos, geralmente com madeira, que pode quebrar com o peso, a melhor escolha de ferramenta para a poda é a Tesoura de Poda Aérea, pois alcança grandes alturas sem você precisar subir nas grades pra realizar a poda . Veja vídeo abaixo.

36. Mais uma de eletricidade. Quando for fazer uma extensão elétrica na parede para colocar uma tomada, seja embutida ou externa, deixe um pouco de fio sobrando para futuros trabalhos, pois se colocar do tamanho exato vai ficar difícil pra fazer uma nova extensão e até para uma troca quando estragar. Já sofri com este tipo de serviço, pois pensamos que nunca mais vamos mexer ali. E a criatividade e as necessidades não têm limite. Estamos sempre inventando e reinventando... ainda bem! Veja foto abaixo.
Trocando uma tomada simples para uma de 20 amperes própria para micro-ondas. Tem micro-ondas que usa tomada normal.

37. Agora é sobre pintura em casa quando usamos a chamada tinta a óleo, que no mercado chamam de esmalte sintético. Esta tinta gruda nas mãos, e em qualquer lugar que cair. Quando cai e logo a seguir você tenta tirar é fácil, basta um pano ou papel, mas quando demora pra tirar a coisa fica feia. A maioria das pessoas indica a gasolina ou o thinner (um produto muito tóxico para diluir, além de ser altamente inflamável). Eu já comprei latas de thinner e nunca usei com medo de sua reação. Mas um amigo meu indicou um produto que quase todo mundo tem em casa, e que tira a tinta com a maior facilidade. É o óleo de soja. Você passa na mão e esfrega com uma bucha de cozinha, e pronto, as mãos ficam limpas, ou mesmo outro espaço que foi atingido pela tinta.

38. Comprei um pirógrafo, aquele pequeno aparelho elétrico que vendem para escrever em madeira e fazer pequenas soldas em artesanato; e minha intenção era escrever em madeira - nunca consegui meu intento, pois o aparelho esquenta, mas não penetra a madeira, só se esperar esquentar demais. O que fiz? Embalei e coloquei no lixo, esperando que alguém achasse alguma serventia para ele. Mas para minha surpresa, minha filha, Bárbara, quando me visitou falou que usou o pirógrafo para furar vasos de plantas, e como sou jardineiro, logo seria uma ótima função para o meu aparelho que "já era". E o meu genro, Roger, achou uma outra função para o pirógrafo que é colar partes de tiras em plástico através de seu aquecimento com o aparelho. Então o que fiz dessa vez? Comprei outro, e como tem me ajudado! Mas a propaganda do aparelho é enganosa, pois pra escrever, que é sua função primeira, não é adequado, pois existem outros muito melhores, portanto, aí entra a Escola da Vida, que você aprende com todo mundo e o tempo todo. Abaixo a imagem do aparelho pra quem ainda não o conhece.
Vem com várias pequenas pontas se você quiser trocar o tamanho do furo

39. Mais uma de fogão à gás. Quando você for acender os queimadores, e os mesmos não acenderem, primeiro verifique se o gás está ligado no botijão, se estiver ligado tente acender com o fósforo (mesmo tendo um fogão com acendedor elétrico, mantenha caixas de fósforo em casa, pois possuem muita utilidade). Se acender com o fósforo é porque o acendedor está oxidado; aí a solução é simples: dá uma lixada nele com a lima, pois certamente o mesmo vai estar com a cabeça preta, e com   a ação da lima vai ficar tipo inox. Pronto, agora é só ligar o acendedor elétrico lixado. Se mesmo assim não acender, aí você vai ter de comprar uma peça para substituição do acendedor. Procure numa loja de peças, especialmente naquelas próprias para fogão. Tire foto da peça e leve para o vendedor. Abaixo o queimador com o acendedor.


40. Esta aprendi num excursão a Caldas Novas (GO). Na hora do café vi uma pessoa colocando o adoçante primeiro no fundo da xícara para depois colocar o café. Fiz assim e vi o resultado. Adoça muito melhor e sem usar a famosa colherinha.

41. Esta é para os viciados leitores de livros em papel. Muitas vezes não conseguimos comprar livros novos, pois os mesmos não estão mais disponíveis em novas edições. Então você compra um antigo com as bordas das páginas amareladas e com mal cheiro. Comprei alguns assim, e um dia tive a ideia de passar uma lixa fina de madeira nas bordas dos livros, e o resultado foi excelente: ficaram quase novos. Além de ajudar na sua saúde, pois não terá que respirar restos de poeiras antigas acumuladas nos livros. Valeu minha experiência de marceneiro.

42. Uma dica que descobri por acaso, ou seja, de repente me veio a ideia. Sabe aquilo que está te incomodando, e que surge uma solução para o problema sem você esperar?! Foi o que aconteceu comigo mais uma vez. Deve ser coisa de filho mais velho de dez que procura solução pra tudo, consciente ou inconscientemente.  Esta é sobre lixo, aquele que nunca acaba em nossa vida diária. Ficava incomodado quando ia colocar o lixo na lixeira e o mesmo esbarrava na borda da sacola e empurrava tudo para dentro do vasilhame sem entrar na sacola plástica, e virava aquela meleca que ninguém quer pegar... lá vai o Beto arrumar tudo de novo. Então tive a ideia de colocar uma corda fina de borracha encapada segurando a borda da sacola de plástico na lixeira. Usei aquelas que vendem no comércio para amarrar mercadorias nas bicicletas, principalmente, pois as mesmas possuem um sistema de engate fácil de usar (foto abaixo), sem ter de dar nó. Acabou o problema para sempre!



Esta aprendi com o meu amigo de Nova Viçosa, Samuel, o Faz Tudo, de pedreiro a eletricista e tecnologia da Informática. Estava furando um pequeno cano com uma furadeira elétrica utilizando uma broca comprida e grossa, do tamanho que eu precisava, mas não estava conseguindo furar. De repente, chega o faz tudo, e pega na furadeira e fala: "Você tem que usar uma broca fina e curta para não quebrar a broca, depois você vai aumentando o tamanho da broca até atingir o furo que você precisa, e é bom utilizar um pouco de óleo Singer (ou semelhante) no furo," Outra dica dele foi sobre a posição para você furar: coloque a peça na posição horizontal para facilitar a pressão sobre o furo, pois assim você usa a rotação da furadeira e o seu peso sobre o furo, além de usar uma rotação mais baixa como as das furadeiras portáteis ou à bateria. É muita informação da Escola da Vida!

Esta aprendi com a experiência. Resolvi comprar um conjunto de serras para Serra Tico-tico. Quando abri a embalagem vi que tinha lâminas de madeira e ferro. Aí, pensei: então a Serra Tico-tico corta ferro... então o corajoso marido de aluguel foi experimentar com um cano galvanizado. E cortou sem sofrimento, como corta madeira e canos de PVC. Grande descoberta para um amador! Certamente corta lâminas de alumínio que são bem mais frágeis que canos galvanizados. Vou experimentar. A Serra de Arco, a famosa Cegueta, agora ficou para locais em que a Serra Tico-tico não alcança.