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Comigo a natureza enlouqueceu; sou todo emoção" Adaptado de Maiakoviski

domingo, 10 de agosto de 2025

Artesanato de Pequenos Objetos de Madeira

 

  Artesanato de Pequenos Objetos de Madeira

 

 


 

Sumário

 

Introdução

1. Um pouco de história do Artesanato em madeira

2. Conceito e Prática do Artesanato

3. Divisão dos trabalhos em madeira

4. Ferramentas utilizadas para o artesanato em madeira

5. Segurança no Trabalho e com as Ferramentas

6. As madeiras mais utilizadas no artesanato em madeira

7. Reciclagem de Madeira

8. O trabalho do artesão em madeira

9. Entalhe em Madeira

10. Artesanato de Pequenos objetos e Arte

Obras do Autor

Certificado do Autor

Conclusão

 

Introdução

O trabalho de artesanato em madeira exige, mais que tudo amor pela arte e muita paciência, mesmo com pequenos objetos. Comecei sua prática, assim como a jardinagem, depois que me aposentei. A Jardinagem iniciei primeiro, pois já realizava este trabalho antes da minha aposentadoria. Logo após minha aposentadoria fiz um Curso de Jardinagem para sua aprimoração. Terminou sendo o artesanato em madeira uma complementação da Jardinagem, pois faço muitos trabalhos que abrigam vasos de plantas. Estas duas atividades, além de sua utilidade doméstica e até de renda, constituem-se em excelente meio de combater o estresse “nosso de cada dia”. Mesmo que alguns conceitos de artesanato não incluam ferramentas elétricas, iniciei os trabalhos com madeira comprando algumas ferramentas (elétricas e manuais) para realizar algumas ideias que foram surgindo, fiz algumas caixas para ferramentas, e depois naturalmente foram surgindo a confecção de pequenos objetos úteis e de decoração no meio das minhas ideias. Passei então a comprar ferramentas próprias para a nova arte e não parei mais. Hoje tenho várias ferramentas com essa finalidade, pois sua elaboração com qualidade exige ferramentas com formas e tamanhos variados, utilizo também ferramentas elétricas como furadeira, serra tico-tico, micro retífica, tupia, e até formão elétrico pequeno.

 

1. Um pouco de história do Artesanato em madeira

A madeira tem sido ao longo dos anos a principal matéria-prima na produção de objetos que fazem parte do acervo da cultura material universal. Desde as embarcações de pesca artesanal, passando por todo o tipo de móveis e utensílios domésticos, instrumentos musicais, esculturas, brinquedos populares, a madeira é o material por excelência que se presta à realização dos mais variados artefatos, seja isoladamente, seja em combinação com outros materiais. Devido à grande variedade de espécies nativas encontradas em todo o planeta a produção artesanal vale-se daquelas madeiras mais comuns de cada ambiente, seja natural ou urbano. Desde a mais remota Antiguidade, a madeira tem sido a matéria-prima mais utilizada pelo homem para sua sobrevivência, na produção de cabanas, e depois casas, utensílios domésticos como cadeiras, mesas, bancos, objetos de cozinha, armas, 

O surgimento da atividade artesanal no Ocidente está ligado ao desenvolvimento das cidades e ao aparecimento de atividades urbanas necessárias à vida em sociedade, tais como os padeiros, ferreiros, carpinteiros, marceneiros, tecelões, seleiros, arquitetos, entre outros. Em sua origem mais remota, as Corporações de Ofício, também chamadas de guildas, grêmios ou mesteirais, foram associações de pessoas qualificadas em um ofício, que surgiram a partir do século XII com as transformações no feudalismo na Idade Média (século V - XV), oriundas das antigas Guildas, com objetivos de: controle econômico dos governantes (teoricamente); regulamentar as profissões e o processo produtivo artesanal nas cidades; defenderem e negociarem de forma mais eficiente, e; evitar a concorrência. Essas unidades de produção artesanal eram marcadas por uma hierarquia (mestres, oficiais e aprendizes) e pelo controle da técnica de produção das mercadorias. Essas associações também tiveram certa importância na América, na época da colonização; algumas tornaram-se importantes na Cidade do México, e em Lima, no Peru.


Entretanto, com o desenvolvimento industrial, e o surgimento das máquinas para produzir em grande escala, a partir da Idade Moderna (século XV – XVIII), o artesanato entrou em um processo lento de decadência e marginalização social e econômica, sobrevivendo como alternativa de consumo para as populações periféricas afastadas e de baixa renda, impossibilitadas economicamente de acesso aos bens e serviços produzidos pelas indústrias.

A atividade exercida em pequenas unidades produtivas, por suas próprias características, dificilmente consegue competir em eficiência com o produto industrial em larga escala, e encontra como estratégia de sobrevivência a opção em ofertar produtos com um melhor acabamento, exclusividade, e singularidade, aspirando a uma faixa de consumidores mais exigentes e direcionados a produtos únicos e personalizados.

No Brasil, as tradições artesanais de origem predominantemente indígenas se incorporaram às técnicas trazidas pelos imigrantes, criando a diversidade hoje existente em cada região brasileira.


2. Conceito e Prática do Artesanato

Conceito:

O artesanato é a produção manual de objetos, mesmo que utilize pequenas máquinas elétricas, mas a mão é sua principal ferramenta, criam, geralmente peças utilitárias ou decorativas, feitos a partir de matérias-primas naturais ou manufaturadas, utilizando técnicas tradicionais e expressando criatividade, identidade cultural e habilidade. É uma forma de manifestação artística, cultural e econômica, com raízes históricas e que reflete a cultura de uma determinada região. O artesanato em madeira é um dos tipos de artesanato. Existe o artesanato utilizando vários tipos de materiais como cordas, fios, tecidos, conchas, coco, couro, barro, vidro, pedras, metais etc. O artesanato geralmente é uma atividade individual, mas existem também trabalhos feitos coletivamente em grandes ateliês, e com grande número de pessoas.


Prática:

O artesanato é o ofício e a técnica do artesão, envolvendo a produção de objetos únicos e especiais a partir de materiais como madeira, cerâmica, tecidos, entre outros. E para isto, o uso da criatividade é essencial, além do manejo adequado de ferramentas elétricas e manuais. É preciso amar a atividade para executá-la bem. E ter paciência em um constante fazer e refazer da obra ou em sua parte, termina por constituir-se numa atividade educativa e produtiva. É uma atividade que dá muito prazer a quem a pratica, pois seus resultados são belos por sua transformação, ou seja, quando o artesão pega uma peça de madeira, muitas vezes, em um estado de pouca conservação e a vê modificada em uma peça artística, a emoção aflora, pois ele se vê como um criador de uma obra única, pois passaram por suas próprias mãos. É difícil descrever a emoção do artesão depois de admirar sua obra terminada. É quase um milagre humano de criação. É acima de tudo, a arte do detalhe, pois o artesão tem que produzir uma peça que se aproxime o máximo da perfeição, mesmo garantindo sua característica rústica. Como me dizia um dentista: “O trabalho do dentista é uma mistura da prática do médico e do artesão.” Disse que ouviu isto de um professor na Faculdade. Percebi isto em minha prática ao utilizar tantas pequenas ferramentas e trabalhar os detalhes como os dentistas.

A prática do artesanato em madeira é um constante aprendizado, pois cada arte produzida acrescenta um novo conhecimento sobre o material utilizado como o tipo de madeira adequado, se é apropriado para a peça planejada, pois pode ser muito dura e quebrar facilmente nos detalhes, ou macia demais provocando uma constante alteração do projeto inicial. Além, é claro, do conhecimento que você adquire no uso de ferramentas, pois algumas ferramentas, tanto as manuais como as elétricas, oferecem uma qualidade, que só com o tempo e experiência você passa a conhecer e utilizar para o serviço certo. Lembro de um amigo ao observar minha prática dizer: “Você possui ferramenta melhor para este serviço.” E citar qual era. E ele acertou! Peguei a ferramenta indicada e o serviço evoluiu muito rapidamente e de forma mais eficiente. Temos que ter humildade e aceitar opiniões de outras pessoas em nosso trabalho. Com sua experiência, a utilização de equipamentos fica mais fácil e leve como você vê nas lives da internet. Para o pessoal que trabalha em suas oficinas há muito tempo, seu trabalho vira rotina, portanto tudo é normal. Sabem observar um barulho diferente em uma máquina que pode indicar um possível defeito, uma superfície que da mesa que produz um vácuo que gera um barulho diferente e outras manhas de artesão.

 

Pedagogia do Erro

Não sei se criei esta expressão, mas sei claramente como a percebi em minhas atividades do dia a dia. Sempre que errava na confecção de algum trabalho, descobria uma maneira mais fácil e prática de consertá-lo, e o resultado ficava muito melhor do que o projeto inicial. Tem um pensamento que diz “Que é errando que se aprende.”. Eu descobri que é errando que se aprende a fazer melhor. E o mais interessante é que a pedagogia do erro pode ser aplicada em qualquer área das atividades humanas. Nas produções intelectuais temos as chamadas revisões de texto, que tornam a literatura muito mais leve e compreensível. Temos autores que ficam anos fazendo mudanças nos textos, que os tornam muito melhores do que as primeiras edições. E no Artesanato de Pequenos Objetos de Madeira é a mesma coisa. Estamos sempre revisando o trabalho feito, seja uma correção em algum corte, ou mesmo acrescentando ou retirando algum detalhe, dependendo, é claro, de nossa criatividade. Dependendo da alteração, temos que começar tudo de novo, mas um pequeno detalhe é feito rapidamente, sem muita modificação do projeto inicial. Mas os dois são válidos, não podemos é desanimar de nossa arte, que está sempre em reconstrução/produção da beleza, e de utilidade para o nosso cotidiano. Um exemplo da Pedagogia do Erro foi quando errei a borda de meu trabalho de suporte para celular, quebrando seu contorno. Então tive a ideia de faz um pequeno fundo no lugar com a micro retífica, e achei que ficou bonito. Assim continuei a fazer estes pequenos fundos em toda a borda do suporte. Hoje é minha principal borda para os trabalhos, e sem usar a tupia. Veja os modelos abaixo.

 

 

                                             Micro retífica com tubo de lixa para vários trabalhos com madeira.

Obras feitas com a micro retífica no acabamento.


3.  Artesanato em Madeira

 A madeira tem sido ao longo da História a matéria-prima principal na produção            de objetos que fazem parte do acervo cultural da humanidade.  Desde as embarcações de pesca artesanal, passando por todo o tipo de móveis e utensílios domésticos, instrumentos musicais, esculturas, brinquedos populares, a madeira é o material por excelência que se presta à realização dos mais variados artefatos, seja isoladamente, seja em combinação com outros materiais, além da madeira constituir-se em uma matéria-prima de fácil manuseio de adaptações quando necessárias, pois uma capacidade infinita para a criatividade do artesão. As formas artísticas são as mais variadas, dependendo do olhar de cada artesão. Devido à grande variedade de espécies nativas encontradas em todo o território, a produção artesanal vale-se daquelas madeiras mais encontradas em cada região. Até o mar nos oferece madeiras em sua longa trajetória pelo planeta. Alguns artistas preferem estas madeiras, pois a salinidade marítima lhes concede mais resistência e beleza, dizem eles.

Podemos dividir o artesanato em madeira em 4 grandes grupos de produtos:

 3.1. Santeria e esculturas (isoladas e formando grupos), incorporando neste grupo todas as categorias de ex-votos; e pequenas esculturas de santos. Temos muitos artistas no Nordeste brasileiro que desempenham esta arte, pois nesta região predomina um espírito muito religioso do povo. Mas nos outros estados também encontramos artistas que fazem santos com madeira e outros materiais como pedra sabão, em Ouro Preto, e outras cidades em Minas Gerais, que também possui uma população muito tradicional e religiosa.

 3.2. Movelaria (construção de móveis), e objetos de decoração e utilitários, incluindo-se neste grupo todos os elementos denominados P.O.M. (pequenos objetos de madeira), brinquedos e a marchetaria (arte ou técnica de ornamentar superfície planas com vários materiais, inclusive a madeira). Neste item estão pequenos trabalhos criativos utilizando a imaginação sem limites do artesão. Você pode fabricar o que vier à cabeça como carrinhos, peixes decorativos ou com utilidade como suporte de copos, plantas etc. Suportes variados como paletes, suporte para celular (ver fotos), e outros.

 3.3. Luteria (arte de construir ou consertar instrumentos musicais de corda). Esta é uma especialidade muito rara, e importante.

 3.4. Construções e carpintaria naval (embarcações de pesca artesanal). Esta é uma arte mais para as áreas litorâneas.


4. Ferramentas utilizadas para o Artesanato em madeira

Já que o nosso estudo e prática é para um artesanato de Pequenos Objetos de Madeira, em que os cursos colocam até uma sigla (P.O.M), não necessitamos de tantas ferramentas, principalmente as elétricas. Com o tempo e experiência você vai descobrindo quais são as ferramentas mais adequadas para fazer determinado serviço; por exemplo, um pequeno formão elétrico é mais produtivo e qualificado para fazer um trabalho com menos desgaste físico e com qualidade aprimorada. Não sou radical quanto a utilizar ferramentas tradicionais para quaisquer trabalhos, gosto daquelas que produzem mais qualidade com menos desgaste. Ninguém faz um trabalho, mesmo os mais simples e repetitivos, com uma única ferramenta; em média utilizamos pelo menos quatro ferramentas para qualquer trabalho.

Cuidado com as lives da Internet, pois seus tutores sempre escondem informações que podem inclusive, provocar acidentes. Lembro de um canal em que o marceneiro pegava a ferramenta, na ocasião, a tupia, e afirmava: "Vocês gostam é de me ver trabalhando." Nada disto, gostamos é de ver detalhes, como o aluno na escola. Por exemplo: mostrar os nomes das peças que compõem a tupia; suas funções; visualização das peças para sua montagem; como montar as peças na tupia; as variadas pinças; fresas; o sentido do corte. Se você utilizar a tupia no sentido invertido, vai tomar o famoso "coice", podendo inclusive provocar acidentes graves. Já aconteceu comigo, e fiz um grande risco na mesa, além do susto. Depois fui pesquisar, e depois de várias lives descobri que a tupia trabalha no sentido anti-horário para fazer bordas, e horário no interior da madeira, para círculos, por exemplo. Devem mostrar como se usa a tupia invertida, ou seja, debaixo da mesa com a fresa para cima; alguns trabalhos, como bordas, ficam mais fáceis assim. Inclusive, em minhas pesquisas, foi mostrada uma marcenaria profissional e os grandes equipamentos usados, e a tupia foi considerada a mais perigosa para se trabalhar, mesmo assim muitos marceneiros falam que a tupia não oferece risco algum.

A serra tico-tico e a furadeira são simples, mostrando sua técnica apenas pelo visual da máquina. A serra tico-tico tem o diferencial de fazer cortes em curvaturas, por exemplo se você for cortar uma imagem de coração, coisa que a furadeira não faz, mesmo utilizando acessórios. A micro retífica é mais de detalhes por suas inúmeras funções como lixar, cortar, aplainar, furar, fazer bordas etc. Possui muitas peças para lixamentos, como os pequenos tambores para lixar, aliás é o mais utilizado nos trabalhos com a micro retífica, e pequenas peças de metal que são muito úteis também, como as lixas rotativas para lixar pequenos espaços, e as lâminas redondas para corte. Usa também, brocas diamantadas (de diamante) para vidro e alumínio, que servem também para madeira. A micro retífica é a rainha do artesanato em madeira. Um equipamento simples, mas muito utilizado, é o chamado “sargento” que tem a função de prender a madeira sobre a bancada de trabalho ou mesa, para a execução do serviço. Mas o formão é o rei do artesanato em madeira, suas funções são as mais variadas, em cortes e acertos na madeira, auxiliado pelo malho em madeira, além destas ferramentas manuais temos o esquadro, o nível e as lixas para madeira, que são também essenciais para um trabalho qualificado e belo, mesmo que um pouco rústico, que é a principal característica do artesanato, na produção de pequenos objetos de madeira.

 

 


                           Esquadro, trena, régua e nível - equipamentos de trabalho essenciais nos trabalhos com madeira.

 

5. Segurança no Trabalho e com as Ferramentas

A segurança em qualquer trabalho é essencial. Como bem dizem: “Todo cuidado é pouco” para qualquer atividade, seja para subir em uma escada ou qualquer outro movimento não rotineiro feito pelo corpo. As ferramentas elétricas são as mais perigosas, pois necessitam de atenção redobrada no trabalho, pois pode acontecer um corte na tomada de acesso à rede elétrica e você não perceber, e mesmo a própria ferramenta pode, com nosso descuido, cortar a tomada sem nossa percepção. Pode também apresentar um defeito repentino pelo uso constante do equipamento. Lembro de um aviso dado por um técnico sobre o uso de qualquer máquina: “Se você utilizar a máquina deixando-a para descansar em pequenos intervalos do trabalho; terá a máquina funcionando bem por muito tempo.” As máquinas precisam de descanso, como nós que as operamos, pois podem exceder em esforço e até queimar o motor, como já vimos muita gente contar. Até o barulho da máquina se modifica quando está prestes a apresentar um defeito. Devemos sempre observar se seu barulho está normal, que pode ser modificado até pela base em que a máquina é trabalhada. Isto acontece muito com a serra tico-tico se ela estiver trabalhando em uma superfície irregular. Devemos utilizar equipamentos de segurança quando se fizer necessário, como máscaras para evitar o excesso de pó da madeira, e até luvas para proteger nossas mãos, pois a mão é a principal ferramenta do artesão.


6. As madeiras mais utilizadas no artesanato em madeira

A melhor madeira para trabalhos artesanais; sem dúvida é o pinus. O pínus é uma madeira macia de macio manuseio, e aceita bem acabamentos com vernizes ou tintas. É de fácil decoração, com textos ou carimbos. Mas existem outras boas como a castanheira e a garapa, que são muito mais resistentes e macias para os trabalhos com pequenos detalhes, pois raramente quebram ou produzem lascas.

A castanheira e a garapa são ótimas madeiras para trabalhos consistentes e belos. São madeiras macias, mas muito resistentes a pequenos estragos com ferramentas, diferente do pínus que é muito sensível a alguma força maior. Muitos artesãos preferem outras madeiras. É muito pessoal a escolha das madeiras, além de depender do trabalho a ser feito. Alguns trabalhos faço com pínus como brinquedos, e trabalhos mais robustos com garapa ou castanheira, como a escultura da rosa, folha e a baleia jubarte em um vaso, pois está em uma única peça, em minha coleção. Obra impossível de se fazer com pínus. E o pínus não resiste à umidade, como o MDF e outros.


                                                   Destas madeiras uso mais o eucalipto, a garapeira e o pínus.

7. Reciclagem de Madeira

No artesanato utilizamos muita madeira reciclada, pois devem ser aproveitadas para não virar lixo que prejudica o meio ambiente. Estas madeiras recicladas apresentam, geralmente defeitos que devem ser corrigidos com a arte do marceneiro, e para isto temos que usar uma boa máquina de lixa. Nestes casos utilizamos as lixadeiras manuais elétricas ou portáteis. Quando você puder é bom utilizar as máquinas portáteis, pois são menos perigosas. Mas um trabalho mais pesado é necessário utilizar as ferramentas elétricas. A reciclagem tem a magia de transformar uma madeira estragada em um objeto de arte para decoração, e móvel utilitário. A reciclagem virou uma moda que permanece, e continua tendo muito valor social, inclusive para empresas. A classe de trabalhadores braçais sempre utiliza a reciclagem como complementação de sua renda, e até como atividade laboral principal. Foi uma grande iniciativa econômica que teve início no século passado com muito sucesso e valor social. Hoje existem vários projetos onde a reciclagem é o objetivo principal.


8. O trabalho do artesão em madeira

O trabalho de artesanato com madeira tem como característica principal seu estilo rústico. É um descanso, para quem gosta, mas exige bastante paciência para ver e refazer pequenos detalhes. Preguiça? Nem pensar! Até chegar ao acabamento foram muitas horas e dias de atividades sem pressa. Inclusive um amigo meu falou que quer fazer uma pintura em tela colocando um pingo de tinta por dia para produzir sua arte... aí também é muita lentidão!  Para o acabamento usa-se cera de abelha ou óleo mineral. Com o uso da cera, a madeira fica com um brilho sedoso. Além de proteger a madeira, este tratamento valoriza o trabalho, dando-lhe um aspecto elegante. Pode usar também o óleo mineral, e depois envernizar para dar brilho. Experimentei a cera de abelha, mas gostei mais do óleo mineral, pois o resultado é imediato, inclusive realçando a cor da madeira. Com o tempo e experiência descobri que qualquer ferramenta que faz trabalhos em ferro, também trabalha bem na madeira; como as brocas de furadeira elétrica. 

Organização

Organização é essencial em qualquer tipo de trabalho, e para o artesão é mais que importante, pois utiliza muitos materiais e equipamentos. Uma questão fundamental é deixar todo o acervo de trabalho em sua proximidade, para não ficar procurando a madeira adequada ou a ferramenta para utilizar na obra. Vi uma live na internet sobre tipos de madeira que me deixou assustado com a desorganização do artista. Estava sentado em um monte de madeiras velhas e ficava procurando a que desejava sem saber onde estava e qual seria, e num ambiente todo sujo de pedaços de madeira e poeira. Nunca mais quis ver suas publicações. E no final ainda disse que poderíamos utilizar qualquer madeira para o nosso trabalho. Um absurdo para um artesão!

Medidas

Uma outra preocupação que devemos ter em nosso trabalho de artesanato em madeira é a questão, que parece simples, mas não é, é sobre as medidas. Além da medida de tamanho com as madeiras e espaços que vamos utilizar nos trabalhos, temos também que ficar atentos com o tamanho de peças para máquinas, como as tupias, micro retífica e furadeira elétrica, pois estas máquinas exigem tamanhos exatos de seus acessórios, como fresas, pinças, brocas etc. E estas peças são medidas em mm que devem ser transformados em cm que você deve medir na régua. Por exemplo, 10mm, representa 1 cm, é só cortar o zero, e assim por diante. Geralmente são medidas pequenas. Já perdi muita peça por não prestar a atenção nestas medidas.

Encaixe em Madeira

Sobre o encaixe em madeira existem muitas técnicas e ferramentas que você encontra na internet. Muitas destas técnicas é somente para conhecimento, pois outros métodos simples fazem a mesma coisa. Vendem pequenas peças para serem adaptadas na tupia para fazer encaixe do tipo andorinha, mas são muito complicadas e detalhistas para sua realização, pois qualquer deslize faz você perder todo o serviço. Ensinam também a fazer o encaixe andorinha de forma manual só com o serrote, lixa e formão, que funcionam perfeitamente, e dá um resultado perfeito sem ter que usar a tupia. Acho que a intenção, na verdade é vender as fresas para usar na tupia, se você já possui, ou comprá-la se você não tiver... coisas do capitalismo! Sem falar que estes encaixes podem ser feitos com prego, parafuso, chave de fenda e martelo, porque ninguém fica olhando um encaixe de uma caixa, a não ser que seja um profissional da área; na realidade o que importa mesmo é sua utilidade. Temos também a espiga que pode ser feita com a tupia ou com as ferramentas manuais mesmo, pois são encaixes com furos retos e maiores, do tipo macho e fêmea, que também tem fresa para vender. Mas o mais prático mesmo destas “modernidades”, em minha opinião, é claro, é a cavilha, que no Nordeste chamam de trabuco, ou seja, um pedaço de madeira que entra entre as duas partes do conjunto que você vai montar. São aquelas pecinhas que usam nos guarda-roupas para encaixe. Existem pequenos aparelhos baratos e pequenos que produzem as cavilhas do tamanho e diâmetro que você quiser, ou podem ser compradas também. Nos suportes para celular utilizo as cavilhas, pois são funcionais e fáceis de trabalhar, além de sua segurança. Antes fazia rasgos na madeira para encaixar as duas partes, e dificilmente ficavam sem pelo menos uma diferença, mesmo que pequena. Com a cavilha é muito difícil ficar diferença, a não ser que a superfície esteja desnivelada. Mas cada artesão tem sua preferência

 

                                      Caixa construída com encaixe de cavilha e não com pregos e parafusos.

                             Estas são as cavilhas de 6 e 8 mm de diâmetro. Existem de vários diâmetros e comprimentos.

9. Entalhe em Madeira

Entalhe em madeira, também conhecido como talha, é a arte de esculpir em madeira, removendo material para criar uma imagem em alto ou baixo relevo. É uma técnica artesanal que utiliza ferramentas como formões, goivas e facas para esculpir a madeira, resultando em peças com detalhes finos e texturas distintas. O desenho a ser entalhado pode ser feito diretamente na madeira ou transferido de um esboço. A peça entalhada pode ser lixada, polida e receber acabamento com óleo ou verniz para proteger e realçar a beleza da madeira. O entalhe envolve apenas a remoção de material para criar uma imagem, sem acrescentar ou material à madeira trabalhada. No artesanato de pequenos objetos, algumas vezes utilizamos o entalhe apenas, ou combinado com o artesanato que necessita de pequenas máquinas elétricas, como a micro retífica, por exemplo. Os trabalhos em entalhe são encontrados em Feiras próprias, em lojas especializadas ou com os próprios artistas. O entalhe em madeira é muito valorizado por sua beleza e originalidade.

10. Artesanato de Pequenos objetos e Arte

Quase ninguém vive de arte. Arte é a manifestação do espírito pessoal em uma obra, seja o artesanato, a música, a escultura, a pintura, a literatura, entre muitas. Lembro de uma reportagem do cantor e compositor, Chico Buarque, um dos maiores nomes da música brasileira, dizer: "Nunca pensei em viver de música, mas de repente deu certo." Isto partindo de um gênio da arte musical. Logo, nós simples mortais, queremos mesmo é manifestar nossa ideia de forma material. Não queremos viver de arte. Nem ganhar muito dinheiro. Vendemos o excedente, mas sem muita ansiedade. Queremos expressar nossa imaginação com o máximo de beleza possível. A arte precisa ser bela! Os cursos de artesanato pregam, de forma sutil, um artesanato comercial, daí as muitas técnicas surgidas equilíbrio, clareza, harmonia, cores, mercado etc. E desvalorizando o artesanato tradicional desinteressado em ganhar dinheiro para sobreviver, mas sim como ajuda na manutenção de um melhor padrão de vida, ou por hobby mesmo! Eu não faço cópias de trabalhos já existentes, geralmente trabalho uma ideia que surge de repente. Não vivo de artesanato, faço por prazer e para expressar minha criatividade, assim como pratico a jardinagem e a literatura. Algumas peças são importantes para o trabalho com pequenos objetos em madeira, por exemplo, a cavilha de madeira que é um excelente encaixe para os trabalhos, e existem cavilhas de todos os tamanhos, inclusive em metros para você cortar no tamanho desejado. Para os suportes de celular, utilizo a cavilha para o encaixe da parte de cima com a de baixo, pois não deixa nenhuma marca ou falha no trabalho, pois ela nivela das duas peças perfeitamente.

 

Divulgação

Hoje a divulgação de qualquer trabalho é feita, preferencialmente pelas redes sociais. É o melhor espaço para divulgação de arte, literatura, música e outros. O número de seguidores das redes sociais é imenso e variado, portanto, pode acolher produtos os mais variados. Pode também fazer cartões, banner, camisas, cartazes etc.

 

                                                                      Cartão do autor

 

Obras do Autor


 

                                                             Pequeno palete com suporte para planta de pínus.


                                                                    Suporte de planta para planta no palete.


Certificado do Autor

                                                                                                                     


Conclusão

Esta é uma obra sempre inacabada, pois está sempre em construção/reconstrução. Cada nova aprendizagem é adicionada ao texto. Cada nova experiência vira uma nova emoção que é compartilhada com os leitores e incorporada ao texto, em possíveis novas edições. Sempre teremos novidades teóricas aliadas à prática, como deve ser a produção artesanal.