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Comigo a natureza enlouqueceu; sou todo emoção" Adaptado de Maiakoviski

sábado, 22 de junho de 2024

Sobre Demônios e Pecados - Rubem Alves


Introdução

O autor, Rubem Alves, dispensa apresentações, mas o que mais me chama a atenção em sua obra é a leveza de sua escrita. Quando você começa a leitura de seus livros não quer mais parar. Seus temas são sempre interessantes, e voltados para a pessoa humana - é um humanista por natureza. Gosta de desmistificar opiniões correntes nos meios sociais, como o famoso "contar até 10 antes de tomar uma decisão" e as famosas "mensagens de autoajuda", que nada ajudam quando os "demônios" assumem o corpo de uma pessoa, ou seja, um problema sério: não dá pra contar até 10 e nem lembrar de nenhuma mensagem positiva de qualquer autor, pois você já está "possuído".

Desenvolvimento

O livro é uma coletânea de crônicas, uma de suas especialidades na literatura. Começa mostrando a origem desses mitos do demônio e do pecado, afirmando que todos foram uma invenção das religiões que os criaram, inclusive em seu formato visual. Certamente para controlar o comportamento e a disciplina dos leigos incautos. Conta casos de atendimento em seu consultório sobre problemas psicológicos, mostrando o lado "demônio" de seus problemas e como solucioná-los. Adota passagens da Bíblia para ilustrar seus ensinamentos, como uma passagem de Jesus sobre os chamados demônios, quando Jesus pergunta o seu nome, e ele diz que "são muitos."

Em linhas gerais, Rubem Alves é um Educador Social, pois todos os temas trabalhados por ele, não só neste livro, tentam uma maneira diferente da tradicional e formal, de educar nosso povo, e nesta linha ele vaga por vários assuntos. Neste livro entra na Psicologia, na História da Igreja, na Psicanálise e na Literatura, tanto no Romance quanto na Poesia. Além de escritor, é um ávido leitor, condição essencial para sua longa produção livresca. Uma questão importante que trabalha neste texto é sobre o perdão, mostrando que as práticas humanas são acidentais, portanto passíveis de perdoar, ou esquecer, que é o melhor nome para o perdão, ou seja, o esquecimento do que aconteceu e que nos deixou contrariados. Nos exemplos bíblicos procura, muitas vezes, a explicação de seu assunto; utiliza, principalmente das palavras de Jesus e de São Paulo, além da tradição da Igreja Católica. Trabalha os pecados capitais da Igreja como os demônios em nosso interior que nos dominam. Precisamos ficar alertas para sua percepção. Desmistifica os chamados "demônios" herdados em nossa cultura ocidental  e religiosa.

Livro pequeno para uma grande reflexão como é uma das principais características do autor.

Eu recomendo.


 

Um comentário:

  1. Pequeno livro que nos ilumina sobre a compreensão de um fenômeno essencial de nossa cultura religiosa. Livro pequeno e de fácil leitura.

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